Resenha: Amy e Matthew

Olá! Sintam-se cobertos de abraços quentinhos! A resenha a seguir é do tipo de livro que pede um desses ao final da leitura.

Autora: Cammie McGovern

Editora: Galera Record

Páginas: 333

Assunto/ Categoria: Romance, YA, Romance fora do padrão, Deficiência, TOC, Escolar, Ensino Médio - Faculdade

Sinopse: Amy & Matthew - Amy e Matthew não se conheciam realmente. Não eram amigos. Matthew sabia quem ela era, claro, mas ele também sabia quem eram várias outras pessoas que não eram seus amigos. Amy tinha uma eterna fachada de felicidade estampada em seu rosto, mesmo tendo uma debilitante deficiência que restringe seus movimentos. Matthew nunca planejou contar a Amy o que pensava, mas depois que a diz para enxergar a realidade e parar de se enganar, ela percebe que é exatamente de alguém assim que precisa.À medida que passam mais tempo juntos, Amy descobre que Matthew também tem seus problemas e segredos, e decide tentar ajudá-lo da mesma forma que ele a ajudou. E quando a relação que começou como uma amizade se transforma em outra coisa que nenhum dos dois esperava (ou sabe definir), eles percebem que falam tudo um para o outro... exceto o que mais importa.

"Aprendi a não julgar as pessoas por suas limitações, mas pela maneira como avançam além delas."

Amy e Matthew é um livro que me sensibilizou sem soar forçado e esse é o medo que alguns leitores podem ter, já que se trata de um romance em que ela possui deficiências que restringem seus movimentos e sua fala, e ele, problemas não tão evidentes, mas também sérios. É uma história de amor improvável, e é exatamente isso que faz diferença. São dois jovens que não se encaixam bem socialmente, são jogados à margem, como não aceitos pelas outras pessoas por simplesmente serem eles mesmos. Diante da solidão inevitável, um dia o destino, ou a mãe de Amy e a própria Amy, acaba os unindo. Isso resultará numa história em que a amizade, o cuidado e a aceitação do outro fazem toda a diferença. Amy e Matthew nos mostra que lindas histórias de amor podem surgir de onde há inseparáveis amizades.

Amy, por causa de suas restrições motoras, não tem amigos na escola nem em outro lugar. Está sempre acompanhada de professores ou pessoas mais velhas. Matthew a faz perceber, sem querer, alguns aspectos sobre sua vida, quando ainda nem eram amigos. E ela decide que precisa modificar algumas coisas. Uma delas é aprender a se inserir socialmente. O meio utilizado para isso é que é um tanto incomum: sua mãe decide contratar colegas da escola de Amy para serem seus assistentes num dia, apresentando a ela outras pessoas, com quem poderia fazer amizade. A princípio não funciona bem. Os assistentes mostram que não estão tão interessados em fazer algo legal para Amy. E as outras pessoas também. E ela percebe isso. O diferencial é Matthew, o garoto que com todos os seus problemas, é quem mais mostra cuidado e atenção por ela.

Matthew se tornou um exemplo para mim. Na verdade, os dois se tornaram, mesmo com seus defeitos - defeitos são essenciais em qualquer personagem, por favor. Ele tem um cuidado pelo próximo, um pouco decorrente do problema que possui, mas ainda assim, nem tanto, porque poderia ser diferente. A personalidade dele influi no fato de ele agir como age. É sincero, diz o que é necessário à Amy mesmo que possa doer. Se preocupa e está presente. E, aos poucos, deixa que ela veja as fraquezas dele, para que possa ajudá-lo. Amy, mesmo com todos os seus complexos, é forte. A garota que os alunos do colégio conhecem como a deficiente inteligente que escreveu uma matéria bonita sobre superação é muito mais que isso. É uma garota forte, com jeito fofo, disposta a mudar suas perspectivas e a si mesma, disposta a encarar a vida e a fazer diferente. E é ela quem ajuda Matthew a melhorar. E ele é quem a ajuda a viver melhor, aceitando suas condições e indo atrás do que pode modificar.

Algo que me chamou muito a atenção no livro foi o posicionamento deles diante das outras pessoas. A questão da amizade e dos contatos. A mãe de Amy faz questão de que a filha converse com muitas pessoas, dizendo pelo menos "oi", que ela seja reconhecida e que o mundo veja o sucesso que ela é. A prova de que o que os médicos disseram a ela era falho, que sua filha poderia e está fazendo muito mais. Só que ela foca tanto nisso às vezes, que se esquece de perguntar o que a Amy realmente quer e o que é importante para a vida além da camada superficial de sucesso que as pessoas consideram. Parece bobagem, mas esse livro me fez lembrar que é importante parar e se perguntar "o que é o sucesso?". E a resposta que tive no decorrer da leitura foi que não é ter altas notas e méritos acadêmicos. Essa parte é importante, dependendo dos objetivos que você possui, mas também é fundamental se realizar, seguir seu coração e construir laços verdadeiros. Esqueça aquilo de "você precisa ser popular e amigo de todo mundo", "o que as pessoas pensam de você é muito importante". Esse tipo de coisa é o que a mãe de Amy quer para ela. Mas o que faz Amy feliz não é o "oi" superficial e interesseiro dos colegiais que nunca mais verá na vida, que não se importaram ou irão se importar com ela depois, o que a faz feliz são os bons laços que conseguiu formar, e principalmente, sua relação com Matthew.

A sinopse já diz, que o que mais importa é o mais difícil de dizer. E eu acrescentaria que pode até ser dito, mas o complicado é adaptar a realidade do que foi dito à vida. E é isso que acontece com Amy e Matthew. Ainda por cima, um acontecimento surpreendente dificulta ainda mais as coisas e a amizade é testada. O amor estimulado pela vida, provocado pela distância e o final... O final foi um tanto frustrante, porque eu queria saber o que aconteceria depois da última linha. Mas não havia. Não sei se vai haver continuação, mas pesquisarei e contarei aqui depois. Espero que sim. O livro é maravilhoso. Se você já teve o comum sentimento adolescente de estar desajustado, só, e aprendeu depois sobre a vida através disso, esse livro vai te comover tanto quanto me comoveu. E você se tornará amiga da Amy tanto quanto me tornei. A única coisa que me fez tirar uma estrela foi a escrita ir e voltar algumas vezes, o que foi importante para o desenvolvimento e amadurecimento dos personagens, mas que quebrou um pouco o ritmo de leitura para mim. Em outras palavras, isso é frescura pessoal, porque o importante é que tal aspecto torna o livro verossímil. A vida em si é cheia de idas e vindas, e nos pegamos parados no tempo algumas vezes. Não deixem de ler por isso. Leiam e me contem. Amy e Matthew é simplesmente maravilhoso.

4 Estrelas

♥

(apenas um coração: indicação de não é favorito, mas tem um lugar especial no coração ♥)