12 janeiro 2015

Quando a música muda tudo







 Deitada refletindo sobre a efemeridade da vida, sobre o andar nas ruas, uma leitura interessante e conflitos metafísicos... Ou sobre o último fato banal descoberto, em outras palavras, sobre a última fofoca. Quando a música começa a tocar. De um jeito só seu, as notas fazem a inquietação que percorre a mente se voltar para apenas um foco: as notas daquele início que precede a voz do vocalista. E sua alma canta em resposta. Seu coração acompanha em sentimentos vivos as notas musicais. Até sua voz explodir junto do som da música que você mais gosta no momento. E a letra pode dizer tanto... pode significar tantas coisas. Ou não significar nada além de uma boa batida que fala com você mais que as palavras cantadas.


  E você se levanta, porque a empolgação que te percorre não pode ser contida. O marcador da leitura abandonada para as divagações vira microfone. E a letra sai a plenos pulmões. Sem pudor. Sem vergonha. Você não sabe cantar. Mas seu coração sabe. E que o ar te ouça. Que as plantas e bichos de estimação compartilhem sua alegria. Porque a natureza não julga. A natureza te transmite energia, vibra com você, sente a felicidade e transporta sentimentos para outros cantos, através do vento... até a vibração parar em outra casa. Onde alguém magicamente se levanta sem saber bem por que, louco de vontade de dançar e cantar. Sobra para o espelho. Para a colher do sorvete. Tudo vira cenário improvisado na sua apresentação.

  A música muda, e as coisas esquentam. Ele, o cara da divagação por mente cheia, começa a cantar o rock sensual fazendo planos para sexta-feira. Chega de estresse por nada. As notas de Sex On Fire o invadem e ele só pensa nas conquistas que pode ter. E na probabilidade de encontrar uma mulher que o agrade por afinidade, fazendo tudo valer a pena. Ela, perdida em devaneios intelectuais, levanta e canta ao ouvir Dance For You. As notas arrepiam a nuca e os braços, quando os movimentos começam a dar uma performance maior na música. E se o mocinho do livro se tornasse real, e ela fosse a ousada e determinada protagonista que o seduziria de maneiras diversas, sem medo de ser julgada. Sim! Ela era exatamente esse tipo de mulher. E nos passos improvisados perto da cadeira, sabe que exala toda sua sensualidade e força: o poder de ser mulher. O poder de seduzir e se fazer sentir. De um jeito que só a aura feminina sabe.

   "You'll never need two, cause will be your number one!" E ela imagina que numa noite de sexta-feira, talvez crie coragem para sair de casa e fazer a diferença na vida de algum cara. Que nunca mais precisará de outra, pois ela será sua número um. E as sextas deles poderiam ser dividas em casa, com vinho, uma escada com caminho de rosas e danças não solitárias ou tímidas em público, mas compartilhadas a dois. De um para o outro. Lingeries... fantasias... o que a imaginação permitir. A noite não tem limites. E o céu abre espaço para o universo infinito. E na sexta-feira, eles se encontram, e descobrem nos olhares tímidos e nos passos de dança que trocam, que são tudo que um procurava por aí. Nas divagações da segunda-feira, no alívio da música... A idealização existia. E então, o encontro pela música faz com que tudo passe a ter sentido. Bem concretizado no final de semana. Prolongado para a vida.



8 comentários:

  1. Eu adoro sua escrita, me sinto identificada e revigorada a cada texto seu que é postado.
    Essa sua definição a respeito da música é tão verídica que eu não poderia fazer menos que colocar uma música, nesse exato momento, e cantar, dançar, não olhando o lugar ou o quem, só aproveitando o momento.
    Sim, escovas, colher, espelho, ventilador, tudo vira utensílio do show, toda a casa é palco e todas as coisas são público.
    Quem nunca se pegou envolvido com o som? com a letra? Quem nunca fez planos para o futuro? Isso é o que a música faz, ela desperta nossos desejos íntimos, nossas vontades futuras, nos encanta e encontra.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Joicy. Fico muito feliz. <3
      Exatamente. Que bom que se identificou e se inspirou.
      Beijos

      Excluir
  2. Nosaaaaaaaa que maravilhoso esse texto, realmente a música muda tudo, para tudo também Hehehe nos faz sentir tudo e nada ao mesmo tempo, nos faz refletir sobre certas coisas, mas também nos permite relaxar e em nada pensar, eu amo música e creio que o mundo seria preto e branco se não fosse ela.
    Beijos *-*

    ResponderExcluir
  3. Uma das coisas que mais gosto no seu blog, é que você não se limita a um assunto. É sempre uma surpresa visitar o blog e achar um assunto que me identifico. Ás vezes comento com algumas pessoas que a música pode salvar, sempre acham exagero, mas é porque nunca descobriram o poder de uma voz ou de instrumentos. Quando estou triste ou com a estima baixa, uma música salva meu dia. Seu texto está belíssimo, porque relata a essência não só do simples ato de escutar, mas ouvir e, principalmente, sentir. Assim como as palavras dos livros, a música deve ser sentida. Caso contrário, não fará sentido algum. Mais uma vez, parabéns pelo seu texto.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Ingrid. Muito obrigada.
      E pode enviar sempre sugestões que eu tentarei adaptar.
      Exatamente... até descobrir como trabalhar com a música, além de ouvi-la. Como tocar um instrumento ou dançar. Estou fazendo dança do ventre agora. E cada momento é uma descoberta nova. Descubro a mim mesma e uma arte linda. Parece fácil e lindo quando vemos vídeos do tipo, mas você trabalha com todo o corpo, descobre a auto-estima, aprende a olhar para si mesma, se avaliar, e precisa também aprender a ouvir a música. Sou iniciante, mas as bailarinas mesmo estudam a música árabe para saber o que encaixar em cada movimento. E pretendo fazer isso um dia. É lindo. E eu me sinto salva pela dança... Vou fazer um texto sobre isso, apesar de já ter falado da saudade que tinha da dança aqui no blog.
      Beijos!!

      Excluir
  4. Fiquei impressionada com seu texto. Me identifiquei bastante com ele. Muita sensibilidade ♥ Minha relação com as músicas são bem profundas e eu acho que às vezes ultrapassa o poder das palavras, por mais que sejam um conjunto de acordes e vozes... de certa forma, clareiam minha mente. :D

    Beijo

    Amy - Macchiato

    ResponderExcluir
  5. Oi vivian, um bonito texto, e você ainda finalizou com a Beyoncé, uma cantora que eu gosto.
    Bjs, Rose

    ResponderExcluir
  6. QUE. TEXTO. INCRÍVEL.
    Eu amei!! Sempre fui louca pela dança, e pelo fato de servir de instrumento de comunicação. De sedução. E eu seduzo com a dança, na frente do espelho, sozinha, claro. Kkkkk Amo a promessa que a dança possui, o mistério... E esse clipe da Beyoncé?? Nunca tinha assistido e é show!!!
    Beijos

    ResponderExcluir

Comentem à vontade, reflitam bastante, se divirtam e suspirem. Por favor, respeitem as seguintes regras:

-Os comentários devem se referir ao post em questão.

-Comentários que só contém divulgação de blogs estão proibidos. Se quiserem, comentem e deixem o link do blog no final. Sempre respeitando, o espaço alheio.

Muito obrigada e voltem sempre.

.
© Reflexão Literária - 2015. Todos os direitos reservados.
Criado por: Vivian Pitança.
Tecnologia do Blogger.