Resenha: Subconsciente

- Livro cedido em parceria com a autora - 

Spin-off de A Linhagem

Autora: Camila Dornas

Editora: Literata

Assunto/ Categoria: Romance histórico, Romance sobrenatural, Século XX

Páginas: 380

Sinopse: Paris de 1922. O mundo se recuperava das consequências da Grande Guerra. Em uma geração regada a luxúria e boemia, o sonho de Olga Chevalier era ser a maior cantora que o mundo já viu. Suas ambições começam a mudar quando uma dançarina do famoso cabaré Moulin Rouge é assassinada, e o dom de Olga passa a leva-la até os sonhos e a mente do assassino. Amor, desejo e mistério se unem nessa trama alucinante... Em quem confiar? Em situações extremas, até seu próprio dom pode traí-la.

Moulin Rouge, Pós-primeira guerra mundial, dons sobrenaturais, romance e feminismo

Em Subconsciente, Camila Dornas dá um show de romance sobrenatural com o contexto histórico rico do tempo após a Primeira Guerra Mundial. A atmosfera da época é bem capturada nas vidas dos personagens, que sofreram as consequências da guerra, assim como no egoísmo humano e na ambição fria que levará à segunda. A parte sobrenatural de Olga é diferenciada, segue a mesma linha do primeiro livro da autora, A Linhagem, mas os dons que aparecem aqui são outros, mais inusitados e talvez até perigosos. A característica da protagonista forte, da mulher independente que não se curva ao machismo da sociedade, continua, lindamente, com ainda mais quotes que mostram alfinetadas ao conservadorismo. O romance também está ali, desta vez com um homem mais sombrio, e ainda mais irresistível.

Olga Chevalier é cantora no famoso Moulin Rouge e extremamente feliz quando exerce sua arte. Uma mulher que aprendeu a ser forte, a se defender, a não se curvar diante de barreiras sociais e que anda armada com um canivete nas meias. A personagem sempre possui um pensamento ágil para sair de situações complicadas e um sorriso irônico pronto para responder quando provocada. Além disso, em sua narrativa em primeira pessoa, sempre destaca o poder feminino em seus pensamentos. É, realmente, uma lutadora que superou todos os problemas que a guerra trouxe a ela e seu irmão, que se viram órfãos e moradores de rua em Paris, durante a Primeira Guerra Mundial. Olga entra pra minha lista de protagonistas femininas que admiro.

(imagino-a um pouco assim, só que com cabelos mais curtos)

O livro começa de forma bem introdutória, com Olga nos dizendo seu dom, que é entrar nos sonhos das pessoas, mas que ela não controla. É sempre "sugada" para dentro dos sonhos alheios, e acorda com as consequências, como quando acorda se afogando, logo no início do livro, quando conhece o homem que será seu par romântico: Vincent. Vincent aparece inicialmente como um personagem que não se sabe se é bom ou ruim, se é o vilão que Olga procura ou se realmente será alvo de seu amor. O que é inegável é o clima cada vez mais intenso entre eles. A problemática principal gira ao redor de sonhos que Olga tem de um assassino. Ela vê, nos sonhos dele, os assassinatos, e consegue sentir sua mente quando se aproxima do perigo. Atraída pelo dom, sente que precisa descobrir quem é,  que provavelmente é o mesmo assassino responsável pelo desaparecimento de garotas do Moulin Rouge. E é aí que tudo começa, Vincent se aproxima e tenta ajudá-la a investigar, os sonhos acontecem, dando dicas, e bem mais para frente, outros personagens ganham destaque maior na história. Uma das novas personagens seria spoiler se eu contasse, mas para quem leu, só posso dizer que fiquei muito feliz em ver essa figura em Subconsciente. Aliás, gostei de todos que acabaram por formar a família de Olga (no sentido de coração e de sangue).

O que vale ressaltar também, que justifica a classificação que dei para o livro (no Skoob, que eu coloco ao final da resenha), são alguns pontos que achei que poderiam ter sido melhores. O primeiro dele foi o trabalho editorial, a capa está de acordo com a temática, mas a modelo não é como eu imagino Olga, que tem atitude, cabelos ruivos, e que não seria uma morena olhando recatadamente para baixo. Fora isso, achei erros de gramática e em algumas partes a letra "d" foi substituída por um ponto. Mas isso no geral, pra mim, é facilmente ignorável, e não interfere na qualidade da história. Senti que a revisão do livro não foi tão cuidadosa também, porque além do que já citei, na parte da escrita mesmo, há algumas partes que poderiam ficar melhores, o que seria bem sugerido por um editor (aqueles detalhes de tirar isso, colocar aquilo, aquela vírgula, aquela metáfora...). E também, o que poderia estar melhor é o início. Demorei a ler, desde o início (não tanto, mas dei uma parada), porque me soou um pouco parado, repetitivo no que acontecia. 

(como imagino, mais ou menos, Olga e Vincent - ele teria que ter a pele mais morena)

Depois da metade, aproximadamente, as coisas começaram a andar melhor e eu li bem rápido e cheguei à conclusão dos pontos positivos que já citei, da questão da liberdade feminina, do contexto histórico muito bem retratado, da influência da guerra, dos dons sobrenaturais diferenciados do comum e os personagens que ganham mais destaque, que fazem uma grande diferença por trazerem sentimentos que cativam mais o leitor. Por isso há pontos ótimos e outros que poderiam melhorar, mas ainda assim, recomendo muito a leitura, principalmente se você precisa estudar essa época da história, ou se gosta do contexto ou de qualquer outra coisa que citei. E, claro, o que a leitura nos traz: esperança. Assim como A Linhagem, Subconsciente transmite a mensagem de alcance dos sonhos, de superação e da importância de ter esperança e força diante dos obstáculos da vida. É a força de Olga, junto do amor de Vincent - que a ajuda muito -, que fazem toda a diferença, e podemos pensar muito a respeito disso.

3,5 Estrelas

Veja a resenha de A Linhagem