Eu perco a fala... Não sei, não consigo entender por que. Mas perco. Silencio diante do extraordinário. Travo. Aparece a oportunidade de falar algo lindo que eu sei que tenho a capacidade de dizer? Perco a voz. Se acordo e passo dia na alegria, ouvindo músicas, com meus livros, com a dança... Ainda no final vejo o novo diante de mim e pronto! Fico muda. Fiquei muda quando me elogiaram. Fiquei surda quando a própria consciência disse "é só ir até lá e dizer". Perdi a voz quando fiquei encantada, mesmo sabendo que ali havia extremo amor, pronto para me acolher e ascender ainda mais com o que eu tinha a falar.
Ah... naquele dia! Minha alma se encantou de uma forma tão... indescritível, que eu só poderia ter o coração cheio das melhores coisas do mundo. Minha alma cantou e por dentro dancei junto daquela apresentação. É engraçado quando se vê algo tão fascinante ao vivo... Fica muito melhor do que pelas telas, claro, e você ainda se surpreende. O fascínio que nos abraça é tamanho, que as imagens e a alegria da dançarina ficam conosco durante dias. Mas aquele momento... Aquele momento fica pra sempre. Ainda assim, eu queria ter dito "você dança com a alma", nem aquele cliché "maravilhosa"... Só queria dizer, de alguma forma, que senti coisas incríveis. Em vez disso, disfarcei, me comuniquei, mas perdi a fala. O silêncio foi omitido pela educação. Mas aquelas frases que vêm de dentro, foram caladas. A alma silenciou e eu não queria silenciar.
Quando a alma se cala é tão triste... O ser humano parece deixar de viver. A vida tem que ter expressão e no mundo com certeza há quem queira nos ouvir. Meu erro foi demorar a perceber isso. Foi me fechar a um ponto que para abrir é preciso uma verdadeira obra. Uma reforma completa no meu interior. Foi ter medo da reprovação do outro e não admitir isso pra mim mesma. Foi viver esperando sempre o pior das pessoas e me tornar insensível com alguns ou em alguns momentos. Foi ficar anestesiada, numa espécie de inércia de que saí não sei como. Isso é tão contraditório... Sinto dentro do meu ser a alma de um artista, que não se cala, não se omite, mas se ama e passa amor ao outro. Como pude viver tanto tempo calada? E que síndrome tão rara pode ser essa, que não conheço quem possa já ter sofrido dela? Talvez todos sofram dessa doença um dia, mas ela talvez ela seja tão naturalizada, que pouquíssimos descobrem que a falta de amor emanando de nós, saindo pela fala, pelos gestos, pela escrita, pelo sorriso, seja um problema. Fomos criados para acreditar que o normal é viver sem amor e estranhamos qualquer atitude simpática que vem de fora.
Diante da vida, vejo a necessidade de aprender por mim mesma, já que ninguém poderia me ensinar isso agora: como ser. Como simplesmente viver e fazer a diferença. Vivi tanto tempo num casulo, que esqueci até mesmo de que precisava viver, caramba! Pensei tanto no objetivo, que esqueci que a vida, na verdade, é a jornada. Como você tem aproveitado sua jornada? Qual foi a última vez que fez algo por você? Eu fiz hoje e fiquei muito feliz. Mas errei, não tive coragem de fazer mais pelo próximo. Cobro tanto de mim mesma... Quero ser cada dia melhor que ontem, e sei, na minha cabeça, como agir; só que na hora da prova dá branco e aí... Eu perco a fala. Mas já aprendi e encaro uma pequena batalha, todas as vezes, para não perder nada e somente ganhar mais de mim mesma. Quero cada pedaço de mim totalmente curado! De qualquer timidez, de qualquer falta de doação... Quero ser o amor. E nunca, nunca mais, perder a fala.
Vivian,concordo com você que devemos nos expressar tanto para o mundo,as pessoas e principalmente para nós mesmos ou nossa própria alma sem medo do que as pessoas vão pensar ou gostar,e sim a alma não deve se calar deve falar para ela ouvir e para que todos a ouçam,isso é vida,ser o amor e como você falou nunca mais perder a fala ,saindo do casulo,sem medo de erar ou desagradar ,mas sendo nós mesmos.Amei o texto.Beijos!!!
ResponderExcluirNossa,essas palavras me tocaram...
ResponderExcluirFico me perguntando ultimamente o que fiz por mim e por mais triste que pareça percebo que muito pouco.
Não sai do casulo... Mas ainda dá tempo.
Suas palavras me fizeram pensar em minha vida. E gostei bastante! :D
Eu achei esse texto extraordinário! Muitas pessoas acabam se deprimindo ou tendo insegurança por conta da opinião dos outros, algo que não deveria existir, já que cada um tem sua forma de pensar, agir, se vestir etc. Adorei o texto, principalmente por ser tão refletivo!
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirAchei o que foi escrito muito bonito e verdadeiro!
Muitas vezes as pessoas não fazem aquilo que querem, aquilo que realmente é importante para elas por medo, por acharem que as outras pessoas irão achar errado.
Isso acaba sendo muito ruim, pois elas não são verdadeiras com elas próprias.
Olá Vivian
ResponderExcluirSuas palavras me emocionaram de verdade.
É incrível como as vezes deixamos o tempo passar sem realmente ter feito algo, tenho pensado muito nisso.
O que você : "A vida tem que ter expressão e no mundo com certeza há quem queira nos ouvir." me tocou.
Lindo texto
Beijos
Oie
ResponderExcluirMuito boa suas palavras as vezes eu tenho certo receio de falar algumas coisas,boas,por medo do que as outras pessoas podem pensar.A vida é muito curta pra nos privarmos de fazer elogios a quem merece de dizer um simples eu te amo ou o quanto estamos satisfeitos com aquela pessoa.Isso faz com que algumas nunca descubram o valor que elas tem.
Muitos de nós nos esquecemos que a vida é o presente e que ele precisa ser vivido intensamente, pois o amanhã chegará e com ele a tristeza de olhar para trás e notarmos que não fizemos nada. Parabéns pelo belo texto.
ResponderExcluirBjs, Rose.
Muito bom esse texto, devemos aproveitar a cada dia,o texto é lindo, parabens
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