Resenha: A Playlist de Hayden

Olá, queridxs! Tudo bem? Esta resenha vai agradar muito os fãs de YA com questões como bullying e vida geek.

- Livro cedido em parceria com a editora -

Autora: Michelle Falkoff

Editora: Novo Conceito

Assunto/ Categoria: Mistério, Drama, Amor, Bullying, Ficção norte-americana, YA.

Páginas: 288

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Sinopse: Depois da morte de seu amigo, Sam parece um fantasma vagando pelos corredores da escola o que não é muito diferente de antes. Ele sabe que tem que aceitar o que Hayden fez, mas se culpa pelo que aconteceu e não consegue mudar o que sente. Enquanto ouve música por música da lista deixada por Hayden, Sam tenta descobrir o que exatamente aconteceu naquela noite. E, quanto mais ele ouve e reflete sobre o passado, mais segredos descobre sobre seu amigo e sobre a vida que ele levava. A PLAYLIST DE HAYDEN é uma história inquietante sobre perda, raiva, superação e bullying. Acima de tudo, sobre encontrar esperança quando essa parte parece ser a mais difícil.

Young Adult com drama

A Playlist de Hayden é aquele tipo de livro que te faz pensar sobre sua adolescência, de verdade. A temática forte no livro é o que o bullying pode causar. Neste caso, tudo começa com suicídio. Sam, o narrador e protagonista, encontra seu melhor e único amigo morto após uma festa em que as coisas não acabaram muito bem. Junto dele, a mensagem com o pendrive contendo uma playlist: "Para Sam. Ouça. Você vai entender." Sam não sabe o que sentir, raiva ou tristeza, por ver que a morte do amigo foi suicídio. E enquanto ouve a playlist e pensa a todo momento em Hayden, vai vivendo, conhecendo pessoas novas e tentando entender por que o amigo chegou onde chegou, apesar de já achar que quase todos na vida de Hayden são culpados.

Michelle constrói a trama lentamente e o foco inicial não é nenhum tipo de investigação específica de Sam atrás de respostas, como se poderia pensar. Ele, na verdade, começa triste. Não sabe que direção tomar, como continuar ou o que pensar. Guarda rancor da família de Hayden, que não gostava do modo de ser do filho, geek, fã de quadrinhos, seriados, jogos, filmes geek e todas essas coisas. Queriam, ao invés do filho tímido e com dificuldades de aprendizado, um que se destacasse como extrovertido e jogador de futebol americano, como Ryan, irmão de Hayden. Ryan com outros dois amigos formava a "trifeta do bullying", que sempre perseguia Sam e Hayden, procurando humilhá-los.

Então o quadro inicial é um Sam deprimido, que só busca viver um dia após o outro. No enterro do amigo conhece Astrid, uma garota que dizia conhecer Hayden, mas que não revela de imediato como. Com ela consegue ver que há outras chances de vida e  consegue descobrir também mais dos acontecimentos antes do suicídio de Hayden. O livro não possui grandes tensões, mas faz um mistério ao redor disso. Aguardamos Sam encontrar informações e contar o que ele sabe no decorrer das páginas. A narrativa chega a ilustrar situações que beiram o que poderia estar fora do real, deixando um questionamento no leitor sobre alguma parte sobrenatural. Mas o principal é o clima de vida adolescente imperfeita retratada. A questão da exclusão por ser diferente, a intimidação de certos grupos sobre outros, a maldade dos jovens e como as pessoas podem reagir a isso. Algumas podem ter atitudes autodestrutivas e outras ficar com raiva e reagirem. É um ponto bem trabalhado no livro e que é pensado também através da mente de Sam: afinal, qual a melhor maneira de reagir ao bullying quando ele destrói sua vida e a de pessoas que você ama?

Cada capítulo é aberto com uma música da playlist, e para ouvi-la é só acessar o site. Há muitas músicas tristes, mas boas, e para quem gosta de ouvir música lendo, como eu, é ótimo para entrar no clima da leitura, entender ao que Sam está se referindo (apesar de não ser obrigatório ouvir para entender a história, ajuda a senti-la) e conhecer novas músicas. O livro me fez pensar sobre um tema que eu nunca tinha parado para olhar desse jeito, mas de outros. Já vi bullying acontecer e praticamente já "sofri", mas nunca me afetou, sempre vi as pessoas que tentavam fazer isso como as verdadeiras sofredoras da situação, as fracas, que precisam rebaixar o outro para se sentirem fortes. Então, o livro me fez imaginar como a vida de um garoto que tinha tudo para fazer muito no mundo se acabou por não suportar a pressão de tudo que acontecia à sua volta e dentro dele. O tema do suicídio é abordado de modo a nos fazer questionar de quem é a culpa e se há algum culpado além da pessoa que toma a decisão. Fora isso, o modo de ser adolescente é perfeitamente convincente ♥, e também conferimos cenas que mostram bem esse clima, apesar dos personagens encararem situações complicadas. Gostei, só que esperava um pouco mais. A escrita da autora é simples e convence, não se aprofunda em questões reflexivas de forma tão intensa nem nada, só conta a história realmente através dos olhos de um garoto daquela idade, o que é ótimo, dependendo do ponto de vista. Eu prefiro quando as coisas se aprofundam, por isso 3 estrelas.

3 Estrelas