Resenha: O Descompasso Infinito do Coração

- Livro cedido em parceria com a autora -

Autora: Bianca Briones

Editora: Verus - Grupo Editorial Record

Assunto/ Categoria: Romance, Romance Brasileiro, Autoestima feminina, Mahamudra, Pressão social sobre a mulher, amizade.

Páginas: 406

Sinopse: Clara acaba de descobrir a traição do marido. Com dois filhos pequenos e a baixa autoestima que a consome, ela vê sua vida mudar drasticamente, apesar do desejo de permanecer na zona de conforto. Bernardo é apaixonado por Clara desde a adolescência. Agora ele tem a chance de conquistá-la e mostrar que os dois devem finalmente ficar juntos. Mas o que parece tão simples, para ele, é complexo demais para ela. Enquanto Bernardo é preenchido por certezas, o coração de Clara é inundado de receios, traumas e dúvidas. Como viver o presente quando o passado não deixa você olhar para frente? Será que um coração despedaçado pode recuperar a capacidade de amar? E o mais importante: como se entregar de corpo e alma quando não se consegue amar nem a si mesma? Em O descompasso infinito do coração, Bianca Briones mostra que o verdadeiro amor pode resistir ao tempo e a cada obstáculo que a vida lhe impõe. Esta é uma história intensa e comovente de segredos, paixão e amizade. É a última chance de dois corações que cansaram de viver separados. 

Apenas leia esse livro, agora!

Falar desse livro é um prazer. Foi uma leitura rápida, gostosa e que me deixou com o coração cheio de amor e orgulho da autora, que é brasileira, sim! ♥ Geralmente só falo dessas coisas gostosas no final da resenha, mas já vou adiantar, porque não me seguro! Bianca construiu aqui muito mais que um romance, muito mais que mais um livro para ficar na estante ou na livraria e ser consumido como distração. Ela construiu uma história que traz uma mensagem que já tinha que ter sido dita há muito tempo para as leitoras do gênero: vocês devem ser livres, felizes e viver, porra! (o palavrão foi resquício da história do Rafa e da Vivi, ainda estou com tudo internalizado aqui - referência ao livro As batidas perdidas do coração). Bianca começa o romance com o baque da lucidez: o que diferencia o romance de livro do real? O romance dos livros existe? Tudo que sua mocinha acredita é que não. Tudo em que ela acredita é na sua infelicidade. Clara não olha para si mesma, não pensa em se agradar, em se desenvolver, em correr atrás da própria felicidade... Ou seja, não vive, apenas vaga, tentando somente agradar aos outros. O outro é sempre acima dela, não importa quem seja.

Até que um acontecimento agita a vida de Clara e ela precisa sair de sua zona de conforto. Sabe aquilo de "há males que vem para o bem?" É exatamente isso. Como acontece na vida, algumas vezes algo que parece ruim acontece para nos fazer nos movimentar. Com Clara é a traição do marido. Diante disso, ela percebe que passou anos com um homem que não ama e que não a amava só porque queria agradar as outras pessoas à sua volta, porque tinha que casar com o homem que a engravidara. Enquanto isso, Bernardo a ama desde a adolescência dos dois, sendo que se conheciam desde a infância. Ele sempre esteve ali, esperando como amigo. Só que Clara não se permitia enxergar ou se abrir para isso. Antes de julgar a personagem, pare e perceba: ela tem motivos sérios para isso. Traumas, desde a infância, que a tornaram uma mulher insegura, sem amor próprio, que só abaixa a cabeça para a vontade dos outros e que deixa que falem dela sem impor. Além disso, Clara não é a típica protagonista tamanho 38, 36, que conquista o cara mais lindo e segue outros clichés. Clara é mãe de dois filhos sim, esqueceu de si mesma sim, e está acima do peso. E também não está feliz com isso (se estivesse, seria problema dela também! Porque ninguém é obrigada!).

Com a separação do marido, Bernardo se aproxima de Clara e mostra ser o amigo mais fiel que ela tem. E ela, aos poucos, percebe que pode se superar, vencer os traumas de seu passado e se entregar a si mesma. Bianca Briones conta um segredo que é fundamental para a vida: você só pode amar o outro, quando aprende a amar a si mesma. Aí está a entrega, o se permitir. E é lindo ver Clara tomar as rédeas de sua vida, melhorar, se reerguer. É difícil, sim, mas ela descobre que é forte. Bernardo é um caso a parte. É um amor de verdade, que esperou muito, que lutou para que ela mesma fosse feliz. Aprendi com Bernardo que amar é querer ver o outro feliz acima de tudo, mesmo que nos machuque. Mas de vez em quando também queria entrar no livro e mandar ele agarrar Clara de uma vez ;). Com a história deles e o amor de Bernardo, também tive a percepção de que amar também é compreender, é aceitar o outro, ver as limitações e ajudar, ao invés de julgar e reclamar, exigindo melhora, ou pensar que se pode salvar o outro, quando a mudança tem que vir de dentro da própria pessoa. O amor exige paciência, exige que nos coloquemos no lugar do outro, de doçura. E é lindo ver isso entre eles.

Os personagens de As batidas perdidas do coração também estão presentes. Morri de amor e "zerei a vida" vendo Rafa com sua filha e com Viviane. Foram muitas emoções para um coração só e, novamente, perdi algumas batidas. O descompasso infinito do coração é um livro que nos faz pensar sobre como encaramos o amor, em como ele antes de tudo ele precisa se construir sobre uma amizade sólida, apoio mútuo, incentivo, auxílio, vontade de estar junto e mostrar ao outro direções que podem trazer a felicidade sem obrigar ou pressionar a nada. Um livro que traz traumas delicados e mostra como eles, junto de pressões sociais, padrões estéticos e imposições sobre a vida da mulher, podem prejudicar a vida de uma. Além disso, o livro ainda nos apresenta a Mahamudra, prática que vale a pena conhecer (até eu, que sou só da dança, fiquei com vontade de fazer! hehe...). Ou seja, é amor para todo lado. Apenas pare de fazer o que estiver fazendo, compre o livro e vá ler! Agora! E aí indique para os amigos, para os vizinhos, pra família, pro mundo! Vamos espalhar mais amor e autoestima feminina por aí! \o/

5 Estrelas

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