Lendo e Refletindo: Belo Desastre

 Nova coluna... Vamos refletir sobre o livro?

  Eis a justificativa para o título do blog. Faremos uma espécie de resenha, com as reflexões sobre determinado livro. Exemplo, o que aprendi com ele? No que ele me fez pensar? Preparados? Então vamos lá!

  Este foi o primeiro livro que me deixou de ressaca literária. Para conferir minha resenha e entender mais sobre a história, já que não vou contar muito sobre ela aqui, e sim refletir sobre ela, visite a resenha no Flor de Lis, clicando aqui. Verão, na resenha meu estado de espírito ao encerrar a leitura. Eu fiquei em estado de choque e finalmente entendi aquilo que diz: "sabe quando você termina um livro, fecha, olha para cima e não sabe o que fazer?" Sim, tive essa reação e... Perguntem às minhas amigas sobre como enchi o ouvido delas falando a respeito do livro. 

  Devo confessar que enquanto lia, fui sugada para dentro das páginas e acabei fazendo uma leitura mais "faminta", sem prestar atenção aos detalhes, às lições nas entrelinhas. Pois bem, vamos falar delas. A que ficou mais na cara para mim é: toda história tem mais de um lado. O livro é narrado pelo ponto de vista da Abby, a protagonista. E eu me envolvi com ela de uma forma incrível. Criei identificação, sabe? E foi engraçado, justamente por ser "engolida pela Abby", eu vi mais o lado dela da questão, em certos momentos. Exemplo: quando o Travis apronta. Mas claro, não gostei de algumas atitudes que ela toma, e quem leu deve saber quais são as loucuras de que estou falando. Apesar dessas "loucuras" de ambos, o livro é incrível. Por mais estranho que pareça, estas reviravoltas só o fazem melhor. Minha reflexão foi a de que quando passamos por um problema, ou quando alguém erra conosco, nos magoando, acabamos vendo muito o nosso lado da questão, como se nós sofrêssemos, sabe? Tive muito esta impressão, pois em determinado momento, num dos desastres deles, há certo sofrimento de ambos, mas como é narrado pelo ponto de vista da Abby, acabamos vendo mais o lado dela. E eu duvido que nenhum leitor tenha dito: "que safado esse Travis! Tadinha da Abby!". Ok, mas e o lado dele? Ela também errou muito, e ele sofreu por isso. 

   Estas coisas me levam a pensar como o amor nos traz aprendizado e maturidade. Talvez a Jamie pudesse ter colocado mais reflexão nos personagens a respeito dos acontecimentos, ensinando a eles uma lição, e enchendo a alma do leitor de conteúdo. Mas tudo bem, dissecando a lição vem. Pena que nem todos fazem uma leitura crítica procurando refletir sobre os acontecimentos. Mais pena ainda, que nem todos levem os acontecimentos da vida como aprendizado. Ela ensina tanto... Ao ler O Banquete, onde Sócrates conversa sobre o significado do amor, podemos ter uma boa ideia sobre as lições que ele dá. No final concluímos que ele é elevação da alma. A contemplação da beleza do saber. Não é lindo? E pensando bem, é isso que acontece em Belo Desastre, os personagens amadurecem ao final. Principalmente o Travis. Vou saber mais sobre isso quando terminar de ler Walking Disaster (também pretendo fazer resenha-reflexão para vocês). Pelo que vi até agora, é um banquete de conhecimento sobre a mente dele. Estou amando. 

  Falando sobre o Travis, ele é imperfeito. Esquece a Síndrome de Edward Cullen e Damem de Os Imortais. Este protagonista é um bad boy, que sai por aí pegando um monte de garotas (eca para ele agora), que ganha dinheiro em lutas clandestinas, arruma motivos para sair por   aí arrumando brigas (geralmente os motivos são ciúmes da Abby), é cheio de tatuagens, perdeu a mãe ainda criança e cresceu numa família onde "agressão" era carinho. Com vários irmãos, segundo ele, ele aprendeu a lutar. Sobre esta parte de ele ser mulherengo, eu nem sei o que dizer, porque ele tem mais cabeça que essas crianças que vemos por aí dizendo "tem que ir para a night pegar as vadias" (risos, só rindo para não chorar com esta triste realidade). No começo de Walking Disaster e em alguns momentos de Belo Desastre, entendemos que ele não respeita estas garotas, que vivem se jogando aos pés dele, porque nem elas se respeitam. Até que ele tem muita paciência e trata elas bem, só não respeita no sentido de valorizar. E cá entre nós, é verdade. Não sei qual é o problema delas, e pode parar para pensar, o livro é lá nos EUA, mas até aqui vemos isso e com gente bem mais nova! Eu me pergunto por que essas meninas não se valorizam, se jogando em cima dos caras, sem nem parar para pensar duas vezes... Será só imaturidade? O que vocês acham? Eu penso que ainda que elas não se valorizem, o respeito é algo supremo. Temos que respeitar todas as pessoas, inclusive aquelas que não têm respeito nem por si mesmas. Imagine que você já foi imaturo, ou sei lá o que, você gostaria de ser mal tratado pelo que você é? Acha certo cobrar a maturidade de alguém que ainda não está pronto para dar? Então vamos ter respeito e compreensão com o próximo?

  Estes dias tenho pensado em como os valores morais da nossa sociedade estão invertidos. Belo Desastre é ficção. Mas imagine um cara que sai por aí dando socos em qualquer um que chegue perto da namorada numa boate? Muita gente diria que é o certo. E é exatamente isto que quero dizer com valores morais invertidos. Se ele deixa, ou só sai de perto é porque ele é "frouxo", não porque é esperto o suficiente para entender que ela já é dele, e que coitados dos que pensam que sair por aí dando em cima de todo mundo é legal. Ele não pensa no amor ao próximo, mas segue os conceitos individualistas de nossa sociedade. O individualismo que vivemos não passa de egoísmo como base para tudo. Coloque sua felicidade acima da dos outros. E nisso está incluso: seja ciumento e se orgulhe disso; responda à altura e não perdoe (como se você não errasse); seja violento; tire vantagens das pessoas, já que a sua felicidade é o importante; pegue todo mundo por aí, porque isso faz de você "O Cara" (não alguém imaturo e cabeça oca); e etc. Esta última parte é realmente engraçada. As mulheres reclamam que os homens são safados, generalizando mesmo desta forma. Como podemos ver, puro determinismo biológico (que é atribuir características a uma pessoa só por causa de alguma característica de nascença dela. É como dizer: "mulheres são fofoqueiras", "asiáticos são inteligentes"; ou seja, preconceito). Quanto a isso de homens serem ou não materialistas e preocupados com suas necessidades hormonais, pensem comigo: desde o nascimento, as pessoas já colocam na cabeça do menino que ele tem que ter namorada, que se ele não gostar de meninas ele não será aceito, e que para ele ser muito bom, ele tem que ficar com o maior número de meninas. E quem educa os meninos além dos pais? As mães! Conseguem entender o paradoxo? As mulheres reclamam deste padrão, mas não educam seus filhos tentando mudá-lo, muito pelo contrário, acham "bonitinho" uma criança de quatro anos falar que tem namorada na creche. Tudo tem seu tempo, não é? E hoje em dia as pessoas estão esquecendo disso. Vemos crianças de dez anos se agarrando por aí, meninas de onze grávidas e isso é normal? Não? Então de quem é a culpa? Deve ser dessas pessoas que acham normal. Desse pessoal que escuta músicas que fazem apologia à pedofilia, como se fosse algo maravilhoso...

  
  Ok. Esta foi uma das reflexões que Belo Desastre me levou a fazer. Esta e muitas outras. Devo acrescentar, que mesmo vendo estes conflitos de sociedade no livro, que traz o protagonista com este tipo de personalidade, o livro é realmente muito bom. Sabe por quê? Por que ele não é tão vazio como esta juventude que vemos por aí. Ele é até inteligente. E principalmente, o livro é bom porque mesmo com todos os desastres, eles amadurecem. Percebemos a vitória do amor, e vemos o começo de uma história que tem tudo para ser de felicidade e aprendizado. Ah... O aprendizado, uma das melhores coisas do amor. A chance que temos de aprender com quem amamos. De ver melhor a vida, e consertar nossos erros. E o que mais eu posso dizer? O amor é tudo de bom, não é gente? Querer agradar o outro, se preocupar se ele já chegou em casa ou não, querer estar junto apesar das dificuldades, ter o melhor momento do seu dia quando você vê quem você ama... E muito mais. Sinceramente, esse pessoal que ainda pensa que amar é ruim, e que ficar com várias pessoas ao mesmo tempo é o certo está tão fora de moda...




  Citações: 

"Eu sei que a gente tem problemas, tá? Sou impulsivo, esquentado, e você me faz perder a cabeça como ninguém. Num minuto você age como se me odiasse, e no seguinte como se precisasse de mim. Eu nunca faço nada direito, eu não te mereço… mas, porra, Abby, eu te amo. Eu te amo mais do que jamais amei alguém ou alguma coisa em toda minha vida. Quando você está por perto, não preciso de bebida, nem de dinheiro, nem de luta, nem de transas sem compromissos… Eu só preciso de você. Eu só penso em você. Eu só sonho com você. Eu só quero você."

"...Em primeiro lugar... eu tenho critério, sim. Nunca transei com uma mulher feia. Nunca. Em segundo lugar, eu queria transar com você. Pensei em te jogar no meu sofá de cinquenta maneiras diferentes, mas não fiz isso porque não te vejo assim. Não é que eu não me sinta atraído por você, só acho que você é melhor do que isso."

  "Sabe por que eu te quero? Eu não sabia que estava perdido até que você me encontrou. Não sabia que estava sozinho até a primeira noite em que passei na minha cama sem você. Você é a única coisa certa na minha vida. Você é o que eu sempre esperei, Beija-Flor."

 Quem já leu Belo Desastre? O que vocês aprenderam com a leitura?
 Beijos açucarados e boa semana.