Resenha: Amber House

Autoras: Kelly Moore, Tucker Reed, Larkin Reed

Editora: Jangada

Assunto / Categoria: Suspense, Sobrenatural, YA, Casa 

Páginas: 352

Sinopse: Sarah nunca tinha pisado em "Amber House", a imponente propriedade pertencente à família havia três séculos, onde dizem estar escondidos diamantes entre aquelas paredes. Ao se mudar com seu irmão e sua mãe, a garota logo se sente atraída tanto pelo belo Richard, que lhe apresenta um mundo de riqueza e privilégios, quanto pelo enigmático Jackson, que a desafia a encontrar os diamantes. Sarah começa a ter visões da história da mansão e pouco a pouco, descobre os segredos de Amber House: crimes antigos e traições recentes. Ela precisa descobrir logo as respostas para todos os enigmas existentes, antes que o passado aprisione a todos para sempre.

Entre o passado e o futuro

     Amber House conta a história de Sarah Parsons, que vai até a casa da falecida avó, para o enterro. Só que a casa tem certa particularidade: quartos decorados tematicamente, coisas antigas, belezas únicas... E a atenção de Sarah é atraída, principalmente por ouvir falar de um provável tesouro escondido na casa. Com a ajuda de seu irmão, ela convence sua mãe a ficar alguns dias na casa. O que ela não esperava era que nesses dias, um novo mundo de possibilidades, capazes de mesclar o passado e o futuro se encontrava. Amber House é um livro que em certos momentos me deu arrepios, confesso - tem uma cena particular que... ui! Mas só porque eu deixei minha imaginação vagar. O legal é ler este livro sem saber do que se trata todo o mistério em que Sarah se vê envolvida, para descobrir junto dela Amber House. Pois é no desconhecido onde moram nossos pesadelos, nossas expectativas e talvez, quem sabe, nossos sonhos. Quando tudo se desvenda aos nossos olhos, é difícil não ficarmos fascinados pelo diferencial que o livro traz. Embarcar nesse mistério é delicioso, assim como realizar as descobertas que fogem um pouco do cliché. Tudo isso com um toque jovial, com direito até a uma pitada de romance, aos olhos da protagonista de 15/16 anos.

"Eu tinha quase 16 anos da primeira vez em que minha avó morreu."

         Quem conta sobre os diamantes para Sarah é Jackson, uma pessoa que tem certa relação com Amber House. Aliás, vale comentar que ele tem a idade dela e que acontece um certo romance entre dois. É divertido ver as cenas deles, as complicações que o romance pode apresentar - questões, em certos momentos, que chegam a ser sociais -, e principalmente o fato estranho de que Jackson sempre parece saber demais sobre Sarah, o que a deixa meio "grilada". Ambos embarcam na aventura, para tentar descobrir os diamantes do capitão, o famoso tesouro perdido de Amber House. Só que... coisas estranhas vão acontecer. Sarah verá pessoas, que sumirão do nada, terá sonhos estranhos, e até... visões. Em meio a essa busca e na própria casa. Imagine, estar sozinha em o que eu consideraria quase uma mansão - é, é grande -, ou ter pessoas que você conhece longe, e começar a ouvir sons de passos enquanto você está numa banheira. É... tem uma tensão legal. Aos poucos esses fatores vão aumentando, e Sarah vai descobrindo o que realmente é aquilo tudo e o motivo daquilo acontecer.

        O que fica no caminho do romance e do caminho que eu quis que Sarah seguisse é Hathaway, o filho do prefeito, que é amigo da mãe de Sarah. A mãe de Sarah quer vender Amber House, e acaba retomando contato com esse seu amigo, que obviamente, tem grande influência na cidade. Entra aí o cenário de certa forma elitizado, com ele e os seus amigos, que também são filhos de pessoas com grande poder aquisitivo. Esse não é o tipo de jovem de que gosto muito... acredito que vocês também. Como Jackson é um ser humano normal, que precisa até trabalhar, na idade dele, é mais fácil se identificar com ele e torcer para que Sarah deixe os mimados e fique logo com quem você vê que é mais próximo de um amigo de verdade. A mãe de Sarah também acaba atrapalhando seu envolvimento com os mistérios de Amber House e Jackson, porque ela quer inserir a filha nesse contexto elitizado, quer que ela seja mais bonita, se cuide mais, que ela tome certas providências... Quer que ela seja como ela imagina, sem se dar ao trabalho de "conhecer a filha" de verdade e a incentivar a ser como é. Esse é outro ponto interessante, o modo como ela precisa lidar com essas situações e fazer escolhas, se encontrar, como deve acontecer com alguém de sua idade.

           Se Sarah ficou uma adolescente convincente, por outro lado, seu irmão, Sammy, não convenceu muito. Sammy é mais novo e é dito que ele tem autismo. Só que cadê o autismo? Eu não vi nada de diferente nele. Na verdade, percebemos que ele não tem nenhum impedimento ou qualquer outra coisa que deveria ter. Ele só fala de um modo um pouco diferente, mas... pela idade dele, seria até algo compreensível se me dissessem que ele era um personagem como qualquer outro. Apesar disso, gostei muito dele. Se essa questão fosse melhor trabalhada, o livro ganharia um toque mais interessante. Uma pena que pareça ter sido tão pouco pesquisada. Por outro lado, o lado histórico ficou bem legal. Sim, cenas históricas entram aqui quando necessário. Certos fatores do passado ficaram... de nos teletransportar. De verdade. Por isso e por muito mais, apoio a ideia de que o livro merecia um filme. Cá entre nós, pegamos desde a escravidão, até conflitos cotidianos de diversas épocas.

             Amber House é uma casa incrível. Os cenários são intrigantes. Os acontecimentos após as descobertas de Sarah são ainda melhores. Há um toque divertido em certos momentos, em outros, o ar é sombrio. E eu diria até que o clima também pode ficar pesado. Uma questão interessante é o modo como o passado é abordado no livro. Na procura que Sarah faz, ela acaba tendo que ter contato com elementos do passado de Amber House, que foi a casa de sua família (tem até árvore genealógica no início do livro, desde aproximadamente 1700). As questões levantadas são o modo como a vida segue, as linhas que se cruzam, a felicidade e a tragédia. A intimidade que deve ficar só para nós. E as tristezas que nunca deveriam ser lembradas, a não ser para retratar o passado de alguma forma. Concluindo: ao ler este livro, é fácil se fascinar por uma casa, que ganha vida. Assim como se divertir, sentir a tensão, os anseios, e até mesmo, sorrir com as descobertas e escolhas feitas. Entramos no mistério, e ao terminarmos, voltamos para ver se não falta uma página. Sério, cadê a continuação? Falando em fatores editoriais, a edição é caprichada! A diagramação, os efeitos, a capa... tudo torna a leitura mais agradável.