Resenha: A Vidente

Esse livro ♥. Apenas... Apenas leia esta resenha!

Autora: Barbara Wood 

Editora: Editora Record - Grupo Editorial Record

Assunto/ Categoria: Império Romano, Século I d.C, Visões, Dom, Religiões diversas pagãs, Início do Cristianismo, Romance, Ficção, Fantasia

Páginas: 362

Sinopse: Roma Antiga: ano 54 da Era Cristã. A jovem Ulrika, de 19 anos, é assombrada por estranhos sonhos e visões. A fim de descobrir a verdade sobre seu passado e sobre seus estranhos poderes, Ulrika embarca numa perigosa viagem até a terra natal de seu pai, a Germânia. É lá que descobre sua vocação – o dom raro da clarividência. Perseguindo seu destino, ela viaja para muito longe, da antiga Germânia até lugares exóticos como Síria, Babilônia e Pérsia. Pelo caminho, conhece sábios guias espirituais – homens, mulheres e espíritos – que lhe ensinam a habilidade de curar e proteger os outros. A viagem de Ulrika também a leva a conhecer o belo comerciante Sebastianus Gallus, que parte em uma jornada pessoal ao Extremo Oriente a fim de coletar riquezas para o poderoso imperador Nero. Ulrika precisará lutar para ficar com o homem que ama, cumprir seu destino e inaugurar uma nova era em Roma sob o reinado ameaçador de Nero.

História do Império Romano, Religião, Clarividência e Romance: A Fórmula Perfeita

A Vidente é um livro que me chamou a atenção de cara pelo contexto histórico, a questão pagã e o dom da protagonista, Ulrika, a promessa de acompanharmos a jornada dela em todo seu desenvolvimento e busca pessoal e, claro, um romance básico pra matar de vez. Eu tinha que ler! Fiquei com medo de na verdade a jornada ser totalmente desviada, como acontece com "As Brumas de Avalon" - se você é fã, você precisa ler A Vidente - e Morgana se afasta daquele caminho da Deusa e o livro/ a série foca em outras questões. A Vidente é realmente a narrativa da história de Ulrika. Conhecemos um pouco de sua infância, quando ela acreditava que o dom que possui, de ter visões sem sentido, acordada ou em sonhos, era um sinal de doença. E o momento de início da aventura, quando ela decide viajar atrás do pai e do seu verdadeiro caminho, iniciando uma jornada muito maior que a simples pretensão de salvar uma batalha do povo do pai desconhecido (povo "bárbaro", germânico) contra Roma (lugar onde Ulrika vive com a mãe que declara guerra ao povo germânico). O livro mostra como a protagonista corajosamente sai viajando pelo mundo em busca de seu verdadeiro caminho. Com um romance que formula a frase de capa "Prever o futuro é suficiente para salvar o homem que você ama?". E muita cultura, religião e aventuras nesses tempos retratadas de uma forma clara, envolvente e que deixa clara a pesquisa da autora.

Ulrika se surpreende ao tentar salvar o pai. Encontra notícias negativas, mas descobre a partir da experiência um novo caminho. Entende que suas visões com lobos, espíritos, luzes e o modo como ela sempre sabia onde o que era perdido estava são um dom. E que ela precisa aprender a controlá-lo e a usá-lo, como uma missão dada pela força superior - ela acreditava principalmente numa Deusa. O livro é dividido em "livros numerados", como partes, cada um focado num momento da viagem de Ulrika num lugar. Há narrativas além de Roma, como na Babilônia e na Pérsia. E com isso, um pouco da cultura de cada lugar. Da culinária ao incrível mundo das religiões. É muito interessante o modo como a autora coloca a questão religiosa. Com cada parte visitada pelos personagens com uma crença específica e seguidores e outras pessoas com dons. Para no final ela deixar clara uma resolução que demonstra paz e união entre elas. Até a questão da pressão religiosa, da lei obrigar os cidadãos e estrangeiros de um lugar a cultuarem certo deus é abordada e nos faz ver que isso é para além do cristianismo da Contra Reforma. O místico, as sensações espirituais de Ulrika, a doutrina que ela precisa levar e os ensinamentos também são encantadores e tocaram com alguns aspectos que vejo no hoje. É como se os ensinamentos transmitidos à personagem pelos seus mestres fossem um tipo crescente de religiosidade que temos hoje, ligada ao espiritualismo de um controle pessoal.

O romance se desenvolve entre Ulrika e um chefe de caravanas galego chamado Sebastianus. Em alguns momentos a linguagem entre eles soa como algo impensável para a nossa realidade, mas se enquadra bem à um tempo que não vivemos tão distante e com tal cultura. Então não tenho implicâncias com isso. Gostei muito do sentimento surgir antes do contato físico. De terem dificuldades antes de realmente vermos o casal juntos. Antes cada um precisa enfrentar seu próprio destino, para depois se renderem ao que sentem. Não é uma paixão avassaladora que cega e toma o livro, é um amor que faz, realmente, os personagens crescerem pelo próprio sentimento. Eles não amadurecem com o amor, mas sim para o amor. E isso num livro de grande riqueza histórica e fantástica é um grande diferencial, já que a maioria dos romances que temos vistos nos lançamentos recentes traz a questão: "casal mudando por causa do amor = se apaixonam + problema + superação pessoal de cada um + final feliz ou morte de um dos dois". Em A Vidente a inserção do romance vai além disso. É um complemento para a história que dá cara de "o destino atuando", o que tem tudo a ver com um livro que conta a história de, realmente, uma vidente.

Amo esse ar místico, diversidade religiosa, culturas pagãs, história, romance bem construído, relatos de experiências espirituais e dons. Por isso, A Vidente foi um verdadeiro banquete para mim. O livro tinha tudo para me agradar e não me decepcionou. Realmente fiquei encantada e querendo mais. Mais que reler o livro após o final satisfatório. Fiquei com desejo de ter continuações curtas de jornadas espirituais, envolvendo o dom de Ulrika e o romance. Como contos. E muita, muita, muita vontade de assistir a um filme do livro. Foi o que mais veio à minha mente enquanto lia: "Ia dar um filme maravilhoso!". Será que mato essa vontade um dia? Tomara que sim! Até lá, serei menos ambiciosa, pedirei apenas que você que leu a resenha e se identificou com o que foi dito não deixe a oportunidade passar. É uma leitura que realmente vale a pena.

5 Estrelas

♥