29 janeiro 2014

Entrevista com Ricardo Ragazzo




Olá! Hoje venho trazer uma super entrevista com o autor Ricardo Ragazzo. Conheça mais sobre o autor de 72 Horas para morrer e A garota das cicatrizes de fogo! 




1 - Desde que li 72 Horas para morrer, notei uma certa influência mais espiritualista. Em A garota das cicatrizes de fogo, também é possível notar uma influência. E nos agradecimentos deste, também percebemos. Acredito que adotando conceitos espíritas em nossa vida, acabamos levando muito para nosso ponto de vista, a partir da nossa visão. O quão esse lado acaba entrando nos livros? Por querer ou sem querer?

  A influência existe sim. Acredito muito em uma sequência depois dessa nossa passagem, e acho que expressar isso nas minhas histórias é uma forma interessante de colocar o assunto em pauta. Mas nem toda minha obra terá esse aspecto espiritualista. Meu próximo livro, apesar de conter alguns elementos não reais (pessoas com poderes especiais), não envolverá esse lado.


2 - Para criar personagens como delegados, legistas e até mesmo personagens com passados traumáticos, você entrevistou pessoas que tiveram semelhantes experiências?

  Conversei com amigos que trabalham na polícia, por exemplo, e pesquisei sobre autópsias também. Mas nada muito profundo, pois a parte que precisava era algo mais superficial. Pesquisas são importantes, mas devem ser realizadas com cuidado. Pesquisas profundas são apenas necessárias se a história pedir isso (por exemplo, um romance de época), senão ficamos refém delas e deixamos de lado o principal: Nossa trama.


3 - Chega a realizar trabalho de pesquisa para as histórias?

  Sempre dessa forma mais branda. Considero que meus livros até agora nunca pediram um aprofundamento maior nesse sentido.


4 - Quais rituais fazem parte do seu processo de criação?

  Isso é difícil de responder. Nem eu sei como as coisas funcionam muitas vezes. Uma coisa posso dizer: música me ajuda muito a criar e a escrever. Mas isso não funciona pra todo mundo, claro. Acho que o mais importante (e quase unânime) é que você tenha um lugar no qual, ao entrar, você possa vestir o manto de um escritor profissional. Ali é seu espaço sagrado e as pessoas devem respeitá-lo como se você estivesse realmente trabalhando. Consegui isso em um escritório de coworking. Lá, quando entro, sou visto como um escritor profissional e todos respeitam meu processo criativo. Encontre seu espaço, "urine" em volta para demarcá-lo, comunique às pessoas para não importuná-lo quando estiver lá e escreva. Acho que esse é o melhor ritual.


5 - Que músicas entram na trilha sonora dos seus dois livros?

  Sou metaleiro, mas também gosto de outras coisas. A música entra no meu livro quando percebo que pode ser feita uma conexão entre a letra e o que vive o personagem daquela cena, ou quando serve para ambientalizar melhor o cenário. Por exemplo: No "A Garota das Cicatrizes de Fogo" meu detetive entra em uma casa de stripper e uma moça está no palco dançando ao som da música tema do filme Flashdance.


6 - De onde as cenas que mais arrepiam estômagos saem?

  Infelizmente da minha cabeça. kkkkk. "72 horas para morrer" é uma obra muito violenta. Mesmo. Esse foi o intuito. Como já disse em várias entrevistas, minha intenção com esse livro era chocar e impactar, para o bem ou para o mal. O famoso "falem mal, mas falem de mim". Apostei na violência excessiva e explícita e na virada de gênero. Fiz isso de maneira consciente (apesar de muitos pensarem que me "perdi" na conclusão), sabendo que sofreria críticas severas de algumas pessoas. No começo, incomodou um pouco, confesso. Nunca estamos preparados para sermos avaliados publicamente quando iniciamos. Ficamos naquela expectativa de que todos irão amar nossos livros. O tempo resolve isso. Além de, claro, o grande número de pessoas que entram em contato com você elogiando a obra. O escritor deve saber que nunca será uma unanimidade porque, quando for, certamente estará cercado por alguns mentirosos.


7 - Em ambos seus livros já publicados, percebemos aspectos sobrenaturais. Pretende continuar escrevendo com esses aspectos? Já pensou em fazer algo com ficção científica, como alterações genéticas, epidemias assassinas, como zumbis? 

  Não gosto muito de ficar preso a um conceito. Para mim, um grande autor só fica refém de seu estilo, pois isso é intrínseco dele. Não há muito como fugir. Penso que ao longo da carreira, as pessoas que se tornam fãs criam expectativas sobre o próximo livro daquele autor que admiram, e estaremos sendo leais a essas pessoas se mantivermos nosso estilo e forma de estruturar nossa narrativa. Meu próximo livro, por coincidência, fala exatamente em alguns aspectos genéticos, alteração de DNA, coisas assim. Respeito a decisão de todo autor em manter-se focado no que está dando certo, mas eu planejo ser refém do meu estilo apenas. Como acompanhei ídolos meus fazendo, citando como exemplos, Stephen King e Chuck Palahniuk.


8 - O que podemos esperar das suas próximas publicações?

  A mesma pegada de suspense e narrativa fluída dos meus dois primeiros livros. E, na medida do possível, tramas envolventes e que sempre surpreendam os leitores, mantendo-os colados no livro. Esse é sempre meu foco inicial.


9 - Senti em Lisa um lado psicológico muito bem trabalhado. O medo de não ser aceita, a influência do que ela tinha como ficção para encarar a realidade que passa a viver depois das cicatrizes, o trauma, a vingança, a redenção... Como foi criá-la? 

  Lisa é uma pessoa marcada pela vida muito cedo, mas é, acima de tudo, uma menina. O que eu quis passar com essa personagem foi essa dicotomia que existe dentro de cada um de nós. Algumas pessoas questionaram um pouco a reação dela quando suas cicatrizes desaparecem e ela se torna um pouco superficial, alegando que quem sofre amadurece mais rápido e vê as coisas com mais profundidade. Eu acho que essa superficialidade inicial é quase inevitável. Apesar de todo sofrimento, Lisa é uma menina que não viveu quase nada e, ao chegar em um colégio e perceber que as pessoas a passam a admirá-la, deixa-se embriagar pela vaidade. Depois, à medida que o tempo passa, ela volta a crescer interiormente, deixando seu lado maduro fluir de forma mais abrangente. É como o jogador de futebol que passa fome a vida inteira e, ao começar a ganhar um salário exorbitante, perde-se um pouco dentro de um novo mundo desconhecido e tentador. Carros, mulheres, fama. Negar isso a Lisa seria tirar um pouco da sua humanidade. E eu não poderia negar isso a ela, poderia?


10 - Sempre faço esta pergunta aos autores: como você vê o mundo?

  Redondo. Pode parecer estranho, mas acho que não é à toa que planetas são um enorme círculo. Nossa vida segue o mesmo padrão. Uma hora estamos em baixa, outra em alta. A grande sabedoria é saber como nos postarmos durante essas transições, sabendo transformar o ciclo vicioso em virtuoso. Não deu certo hoje? Fica tranquilo, amanhã vai dar. Basta esforço, dedicação e positivismo. Nossas ações são bumerangues que, cedo ou tarde, retornam até nós em forma de reações. É dessa forma que vejo o mundo.


11 - Seu bom humor é sempre perceptível nas redes sociais. Por que não criar um personagem mais engraçado, irônico, mesmo com os problemas presentes, naqueles momentos mais sossegados?

  Acredito que meu novo livro terá um ou dois personagens que se enquadrarão bastante nesse arquétipo mencionado, apesar de já enxergar o Johnny Falco como um cara com algumas tiradas interessantes. Em todo o caso, obrigado pelo elogio. Já fui um mal humor de carteirinha, e tive que aprender com a vida as consequências disso. Ler isso significa muito para mim.
  Queria agradecer mais uma vez essa entrevista e informar a quem quiser conversar comigo através das redes sociais que estou, na medida do possível, sempre à disposição para responder perguntas, tirar dúvidas, dar dicas e bater um papo. Basta seguir @ricardoragazzo no twitter e/ou curtir a fanpage no facebook.
  Abrazzo!






 Gostaram da entrevista? Eu adorei saber mais sobre o autor desses livros tão bons! E estou ansiosa pelos próximos lançamentos. E se você não sabe, Ricardo Ragazzo montou um box de seus livros. Saiba mais na fanpage do autor.



 Beijos açucarados





2 comentários:

  1. A entrevista ficou show! Parabéns!
    Ainda não li nenhum dos dois livros, mas quero muito.

    Minhas Impressões

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  2. Parabéns pela entrevista =) Não conhecia o autor nem suas obras, fiquei curiosa kkkkk


    Beijos
    http://slothreaders.blogspot.com.br/

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