Se quiser saber mais sobre a história de Cisne, confira minha resenha aqui. Neste texto dialogarei sobre minhas impressões profundas, sobre o que refleti lendo o livro e o que ele me acrescentou.
Você acredita que estamos sozinhos no universo? Em Cisne vemos o universo povoado, diferentes planetas com vida, com coisas que antes não acreditariam na Terra. Vemos uma Terra pacificada. Uma realidade diferente, mas ao mesmo tempo semelhante. A todo momento, somos colocados diante da visão de como o passado do nosso planeta é sangrento, assustador, e até mesmo vergonhoso para alguns. No caso, o passado seria, de certa forma, nosso presente. Como anda nosso conceito de seres humanos? Sinônimo de povo orgulhoso, que adora guerra e lucro? Que não quer saber de mais nada que não seja sua vida, seu ponto de vista, sua comodidade? Que não aceita que sejam melhores que eles em nada? Que se importa mais em ganhar do que em preservar? Ou quem simplesmente se julga ou é julgado como bom? Como vão nos ver no futuro? E se houver progresso? Como conhecerão nossa história? Cisne traz a possibilidade de uma Terra com algum progresso significativo. Pelo menos antes das mudanças... Eu acredito no progresso, de alguma forma. E acredito que é presunção supor que somos os únicos seres do universo, de que não há sentido para a vida, para nada, que é só nascer e morrer. Me recuso firmemente a pensar assim. Gosto de pensar que apesar de tudo, ainda existe gente boa no mundo, e esse livro não traz só a possibilidade de calmaria na Terra, mas traz a possibilidade de pessoas melhores, o que prova que existem pessoas melhores, capazes de conceber personagens assim, e de através deles, inspirarem outras pessoas melhores.
"Durante toda a História, em algum lugar da Terra havia sempre alguém lutando. Só há pouco tempo algum juízo parecia ter chegado àquele mundo briguento. As guerras tinham aos poucos terminado, velhas rixas iam esfriando e deixando de perturbar e, um dia, sem saber exatamente como, a Terra descobriu que estava em paz. A cooperação em nível planetário havia sido espontânea e também espontaneamente se formara o primeiro governo unificado, que nem era exatamente um governo, era mais uma central de aconselhamento mundial, sua única meta era o bem comum."
Os personagens deste livro têm um modo próprio de pensar, argumentos poderosos, e filosofias incríveis. E claro, muita diversão, o que torna tudo ainda mais incrível. Entre os que mais nos deixam de queixo caído com suas atitudes e discursos são Henry e Peggy. Em mais de um diálogo deles, Peggy tenta convencê-lo de que algumas pessoas são melhores do que parecem, que são de determinada forma, por causa de seus motivos. E olha... Ela acerta. Geralmente está certíssima! Ela nos ensina que muitas vezes, em vez de julgar as pessoas, devemos dar uma chance a elas, arriscar de alguma forma, para que elas mostrem quem realmente são, para que melhorem. Fora as frases incríveis que eles soltam, que nos fazem refletir sem querer. Sei que a autora escreveu sem a intenção de causar reflexão, mas o modo como eles falam, o jeito como as coisas acontecem, faz com que fique impossível que não haja conteúdo para se refletir. Por exemplo, se alguém recusa uma briga, muitos julgam esse alguém como o fraco, aquele que está errado. E não o outro, que atacou, que causou o problema todo, que não soube se conter, que foi levado pelos instintos e pela ignorância. Dá para parar e pensar em como quem resiste e não cede às provocações é na verdade o forte, que consegue compreender as falhas do outro e seguir fazendo a coisa certa para todos, sem se deixar levar pelo orgulho. E isso não é fácil. Justamente por isso, quem resiste é forte. Quem provoca, quer causar problemas, geralmente tem algum problema, e é sempre o fraco. Outro exemplo é que maturidade é algo relativo. Enquanto há muitos lá para as altas faixas da vida que pensam menos amplamente, ignorando certas lições da vida, há jovens que dão um show, pensando muito além, enxergando coisas que muitos não veem. Assim como há jovens que só pensam em futilidade e que só querem se mostrar para o mundo, e principalmente para si mesmos, como melhores que todos. Encontramos em Cisne ilusões que criamos, erros que cometemos, verdades que são expostas em situações diversas do livro, estão presentes na vida, claras como água, para enxergarmos e refletirmos. Basta querer.
Vemos também como a mídia distorce as coisas, como o que é mostrado não corresponde à realidade. Como os textos que deveriam ser neutros e expor a verdade na verdade são a favor dos próprios interesses da mesma. Isso acontece em Cisne. Isso acontece na realidade. O que é exibido fortalece o sistema, fortalece interesses ocultos, sejam quais sejam. Quer ver isso no Cisne? Olhe Jean e Giles. Quer ver isso na vida? Ligue a TV, depois desligue e vá aos protestos, vá ver como há coisas omitidas, distorcidas, como a importância é outra. Veja como enquanto há problemas sérios, há programas que passam como se tudo estivesse bem. Vemos problemas reais na ficção, vemos discursos ideológicos reais sendo desmascarados por lá também. Vemos a importância da amizade, a felicidade que traz a parceria e a alegria de sorrir, acompanhada da responsabilidade de crescer, de melhorar, de correr atrás do que se quer. Vemos a importância do respeito, do amor, da força, da ética e da verdade.
"- Um mundo onde um jardineiro e um cientista merecem o mesmo respeito, sintetizou Peggy. - Não é o nosso mundo. (...) E será que vamos ter um mundo assim algum dia?"
Vi também a necessidade de aceitar que nem sempre as coisas acontecem como gostaríamos. E que, principalmente, as pessoas não agem como queremos, para nos agradar sempre. As pessoas são o que são. Com seus problemas, imperfeições. Cabe a nós dar uma chance a elas ou viver sempre reclamando, infeliz, brigando com o outro por ser ele mesmo, por ter defeitos como nós temos, por ter seus problemas a superar. Exemplo? Anton, Giles e etc. Percebemos também, como coisas simples em relação aos filhos podem surpreender os pais, ainda que se importem. Que às vezes falta tempo para falar sobre coisas corriqueiras, simples, como por exemplo como os filhos se sentem em relação a determinada coisa. Como é importante manter o diálogo e o carinho, tentar perceber como o outro se sente, dizer como nos sentimos, mesmo que pareça bobo. Às vezes pode não ser. Consegui refletir também, sobre como devemos questionar o conhecimento, questionar a vida e não aceitar nunca o que nos dão de bandeja, sem analisar e criticar, para ver se aquilo é realmente certo. E também, fazer o que é certo, ir de acordo com os nossos princípios, como Jean ensina.
Refleti bastante lendo Cisne. E me diverti muito também, além de ficar muito curiosa em saber o que aconteceria realmente. Depois do final arrebatador e cheio de descobertas, é impossível não querer logo o próximo livro. O meu já está aqui. E já comecei a ler. Linhagens promete! O início está ótimo, o resumo de Cisne, ao meu ver, foi maravilhoso, e o Era uma vez veio novamente impecável. Além disso, logo de início já pegamos conflitos. Linhagens é continuação direta de Cisne! E já começa nos deixando intrigados. Em outras palavras, estou gostando. E matando a saudade desses personagens incríveis, é claro. Já estou até prevendo o futuro, quando eu terminar a série vou ficar em carência deles! Ai, ai, ai...
E você? Leu Cisne? Qual foi seu ponto de vista da história? Pensou nisso tudo? Se não, que tal parar para refletir sobre a leitura e achar tudo isso e muito mais? É incrível poder devorar um livro até o fundo, tirando o máximo que se pode dele. Vai lá! Experimenta, vai. E depois me conta.
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirEu tenho Cisne aqui para ler mais ainda nem peguei nele. Ele é tão grande né?
Eu brinco dizendo que a Eleonor é o George Martin brasileiro. Livrão!
Mas eu estou super curiosa para ler, todos que leram amaram o livro e eu acredito que comigo não vai ser diferente. Tenho que ler logo porque Linhagens já foi lançado e eu aqui parada.
Adorei o post.
Beijos
http://elaeseuslivros.blogspot.com.br ♥
Lê sim!! E Linhagens está na área, claro!! Estou adorando! É o tipo de livro que já nos tira o fôlego!! Super recomendado!! E logo, logo sai Talismãs, né? Corre lá, para ler!!
ExcluirBeijos.
Cisne é muito completo né? Esses dias estava lendo o discurso que o presidente do Uruguai falou na reunião da ONU, e ele criticou tanta coisa que o Cisne coloca, muitas dessas coisas que você colocou aqui no texto... E sabe qual foi o pensamento que tive? Que eu gostaria muito, muito mesmo, que nossa Terra fosse aquela Terra, e que eu pudesse ver nosso futuro com mais esperanças por isso! Afinal, a Terra de Eleonor consegue sobreviver, porque ela precisa... E a nossa? Será que temos um pouco dessa 'mágica' aqui também? OU será que não temos tanta sorte?
ResponderExcluirAdorei suas reflexões, e não sei não heim... Será mesmo que Eleonor não teve intenção de causar reflexões?? Haha!
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Acho que temos e não temos... Ao mesmo tempo em que vemos pessoas incríveis, vemos conflitos mundiais terríveis, pessoas terríveis... Dizem que mudanças estão por vir, e eu acredito que o progresso é possível, só não faço a mínima ideia de como. Mas adoraria que o mundo fosse melhor. Acho que para isso, primeiro temos que melhorar a nós mesmos. E depois projetar isso, servir de inspiração às pessoas. Eleonor faz isso, com Cisne ela dá essa esperança, e dá a alegria de vivermos, durante a leitura, num mundo melhor.
Excluirkkkkkkkk.. Verdade, mas acho que é genialidade, com mistura de traços de personalidade, visões de mundo.. enfim, é demais!!
Beijos
Estou super curiosa para ler esse livro (porém no momento as questões $ não me permitem), adorei o modo que você fez esse post achei muito diferente do que vemos por aí nos blogs literários.
ResponderExcluirBeijoos;
Lizz
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