Resenha: Tormenta

  

Autora: Lauren Kate
Assunto: Romance / suspense  

Editora: Galera Record
Sinopse: Quantas vidas você precisa viver antes de encontrar alguém que valha a pena morrer? Como consequência do que aconteceu na Sword & Cross, Luce foi escondida por seu namorado que é um anjo amaldiçoado, Daniel, em uma nova escola repleta de Nephilim, descendentes de anjos caídos e seres humanos. Daniel prometeu que ela estará segura aqui, protegida daqueles que querem matá-la. Na escola a Luce descobre o que as Sombras que a seguiram durante toda a sua vida significam – e como manipulá-las para ver dentro de suas outras vidas. Ainda assim, quanto mais a Luce aprende sobre si mesma, mais ela percebe que o passado é sua única chave para desbloquear seu futuro… e que Daniel não lhe disse tudo. E se a versão dele do passado não é bem como as coisas realmente aconteceram… e se a Luce era para estar realmente com outra pessoa?

 Contém spoilers de Fallen

  Em comparação ao primeiro (veja a resenha aqui), ele é bem mais agitado, mas em compensação me irritou muito mais. Há descobertas em maior quantidade ao longo do livro, e também tem um pouco de enrolação, de detalhes que poderiam não ser mencionados. Apesar disso, ele te prende muito mais, é mais empolgante, justamente por isso, não é como o outro, em que tudo acontece só no final, em Tormenta os acontecimentos são mais regulares. E claro, muitos mistérios surgem e não são resolvidos ainda.

  Luce vai para a Shoreline, uma escola de Nephilins (filhos de anjos com mortais), para se proteger dos ataques de inimigos que ela desconhece (nós percebemos de cara que são os párias, porque o livro começa com Daniel e Cam falando sobre isso e sobre a trégua), porém ela mesma não tenha noção do perigo que corre, apesar de tudo o que já viu, o que parece é que ela vai atrás do perigo. Para manter Luce segura, há uma trégua assinada por Daniel e Cam, entre os anjos caídos do lado do céu e os do lado do inferno. Vemos isso no início quando Cam e Daniel trabalham juntos para mantê-la segura. Além disso, ainda para sua segurança ela fica sem ver Daniel - ou deveria ficar - na Shoreline. Lá conhece Miles e Shelby, que são personagens com os quais não simpatizei muito, principalmente com a Shelby, achei sua personalidade muito ácida. Seus professores "anjos" são: Francesca e Steve. Sendo que Francesca é do lado do céu, e Steve do inferno, apesar de eles estarem juntos como casal. Adorei os dois, fiquei feliz em personagens mais "maduros". Outra coisa que me intrigou foi como Luce confia em todos rápido demais levando em conta o que aconteceu na Sword and Cross.  Para ela todo mundo é muito bonzinho, muito legal. Ela não corre perigo nenhum, é "dona do próprio nariz". Ou seja, ela corre perigo de vida, mas para ela isso não é tão mal, o ruim é não ver a família e a amiga. Daniel só está tentando "controlar ela". Proteger? Que isso... Ele é um louco ciumento para ela, que não a deixa ir para lugar nenhum. Não o seu amor anjo de outras vidas que está fazendo tudo o que pode para mantê-la viva. E o fato dela encarar tais situações com tamanha imaturidade fez com que o conceito do livro caísse para mim, de modo que o conflito se torna muito maduro para personagens tão imaturos.

      "Às vezes coisas belas entram em nossa vida de repente. Nem sempre podemos compreendê-las, mas temos de confiar nelas. Eu sei que você quer questionar tudo, mas também compensa apenas ter um pouco de fé." Francesca para Luce

  Eu sei, também fiquei irritada. Ela se mostra muito imatura para sua idade, além de muito orgulhosa, egoísta e vaidosa também. Deduzi estes aspectos pelo fato desse pensamento que citei e muitos outros que me fizeram surtar durante a leitura. Sabe aquele tipo de pessoa que está errada mas não enxerga seus erros? Quer ser sempre a certa em tudo? Que só sabe culpar os outros? Então... Com esse jeito nada legal ela conseguiu me irritar bastante. Fico mais impressionada ainda com o modo como ela trata o Daniel. Uma hora tudo são flores, quer dizer, beijos e asas, e em outra hora ela começa a acusá-lo de coisas sem cabimento do nada, fica chateada por bobagem. Aí no único momento em que eles poderiam se ver dentro de muito tempo, graças a um sacrifício dele, que deveria ser aproveitado com muito amor, o que ela faz? Briga com ele e vai embora ou o deixa ir. É assim que é esse amor de vidas passadas? Não gostei. Achei que o conflito é muito maduro para ela. Se Daniel consegue se mostrar mais maduro, assim como outros personagens, ela parece um pouco infantil. Como o livro é narrado pelo ponto de vista dela, acaba que a história fica com essa pegada. Para alguns isso pode ser bom, conflitos de defeitos e etc. Mas para mim não foi legal. Não pela publicidade que o livro tem. Antes de você ler, tudo indica que é uma história mais romântica, que traz o amor de forma mais bela, por causa disso de vidas passadas. Que os personagens vão te fazer suspirar... Mas não acho que seja bem por aí não. Na Shoreline todos conhecem a história dela assim (sim, eles são famosos), mas eu aposto que se vissem como as coisas são realmente, não seriam muito fãs não. Será que a autora quis dizer que todos os casais brigam? Se foi isso, não gostei do meio que usou. Achei os motivos muito fracos, muito bobos, e repetindo pela 1284329482131230293912 vez, a personagem principal ficou imatura.

  Em Tormenta as cordas estão soltas, e ela tem que descobrir muitas coisas. O clima de mistério permanece, só que desta vez há mais ação e tensão. Não gostei dos caminhos que a levaram a descobrir as coisas, achei que a autora poderia colocar outros meios melhores, sem fazer com que Luce ficasse com essa aparência de "vou fazer exatamente aquilo que não é para fazer". Em muitas ocasiões parece simplesmente burrice dela. Perde a magia. Um exemplo disso é um meio que encontra de vislumbrar seu passado. Pode ser spoiler, para ver passe o mouse: Luce usa os anunciadores (as sombras), como janelas para ver suas vidas passadas e outros momentos que já aconteceram; claro, isso é perigoso, mas ela vai lá e faz. Até aí eu não vejo muitos problemas, considerando as outras coisas que ela faz. Até sou capaz de entender, que este foi o meio dela de saber mais sobre tudo, porque ninguém conta nada a ela. O que mais me incomodou mesmo foi o seu orgulho e o seu total descaso em seguir os conselhos que são úteis para manter sua vida. É uma questão racional. Ela quase morreu faz pouco tempo, mas continua arriscando sua vida ignorando tudo? O que ela quer? Que desenhem para ela que ela pode morrer? Ver a Penn caindo não foi o suficiente? Cadê o instinto de sobrevivência? Na abordagem do livro sobre perda, há este problema. De vez em quando parece que ela esquece, que não foi nada demais, que passou e que aquilo não vai influenciar em nada a vida dela. Mas em outros momentos é muito legal ver a saudade que sente da amiga, ver que aquilo teve importância em sua vida, ver que apesar de seus erros, ela tem sentimentos. O que pareceu para mim é que o sentimento dela é uma espécie de culpa com saudade, mas que não foi suficiente para despertar seu bom senso, para fazê-la entender que está correndo perigo.

  Nossa! Que escola é a Shoreline! Eu tive vontade de estudar lá. Adorei os cenários de Tormenta. Apesar do livro se passar todo durante a trégua, ou seja, dezoito dias, os cenários são muito legais. Além das variedades da escola há os lugares para onde Luce "foge" ou acaba passando. Dá vontade de entrar no livro e dar um passeio pelos lugares. Até mesmo pelas suas vidas passadas. Devo confessar que apesar de não ter gostado muito da mentalidade de Luce, gostei das suas descobertas. O universo criado por Lauren Kate é bem interessante. Sei que ainda deve vir muito mais sobre ele nos próximos livros, e estou ansiosa para saber se Luce vai ser um desses personagens que amadurecem ao longo da série, se tudo vai se resolver. Assim como eu disse na resenha de Fallen, digo para esta, está série é cheia de mistérios, e isso vai te prender com certeza. É bom para passar o seu tempo, bom para dar uma sacudida, se você for do tipo que se incomoda com certas atitudes da protagonista, e é bom para vermos como acontece de nos iludirmos. Como em algumas situações, só vemos o nosso lado e esquecemos o lado do outro. Como nos colocamos no centro de tudo, como os donos da razão, sendo até mais orgulhosos do que amorosos.

  Eu senti falta dos personagens de Fallen. Senti falta da Ariane e da Penn. Senti falta até do Cam (apesar de eles e outros que não citei aparecerem muito rapidamente). Em Tormenta, Luce passa seu tempo com duas pessoas principalmente: Shelby e Miles. Shelby é sua colega de quarto bipolar, que em alguns momentos parece que vai voar no pescoço de Luce e em outros parece que quer ser irmã dela. E Miles é um garoto que fica amigo de Luce a princípio, mas depois descobrimos que... Adivinhem só, tem triângulo amoroso! Acho que deve haver alguma explicação para isso no outro livro, se tiver ficarei feliz. Por isso pretendo ler os outros livros, tenho esperanças de que essas pontas soltas vão se explicar e de que depois compreenderemos tudo. Então eu pretendo ler Paixão e Êxtase. Como eu disse, é um bom entretenimento e dá para pensar a respeito de algumas coisas com ele, como por exemplo sobre a amizade, sobre a perda, sobre o amor, e sobre si mesmo. Vale a pena ler atento. Vale à pena ler refletindo. Fico devendo as estrelas. Esta é uma das minhas resenhas da época do Flor de Lis, e não estou no meu computador. Mas... graças à Luce, são duas estrelas.
 
 Beijos açucarados