15 novembro 2013

Resenha: 50 Tons de Cinza







Autora: E. L. James
Editora: Intrínseca
Sinopse: Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja - mas em seus próprios termos. Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso - os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família -, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos... 









   Relação de amor e ódio










    Fanfic de Crepúsculo, odiado pelos pseudointelectuais e por alguns intelectuais, amado pelas donas de casa, polêmico e controverso.




  Muitas, muitas semelhanças com Crepúsculo e ao mesmo tempo, muitas diferenças. Das semelhanças, pude notar que as protagonistas trazem a mesma insegurança. Porém, considero errôneo, já que em Cinquenta Tons de Cinza, Anastasia Steele é mais velha que a Bella e está terminando a faculdade. Então, penso que pela sua vida, suas atitudes deveriam ser mais maduras. Uma coisa que chama atenção é que pela insegurança que possui, nunca percebe o interesse que desperta nos homens - como em Crepúsculo - e não sei se por isso, nunca se interessou por ninguém. Sim, ela está terminando a faculdade e  percebemos que ela nunca se interessou por nenhum homem em sua vida, só tendo como relação, o beijo de dois caras. Tudo bem... Mas o normal não seria que quando se interessasse por alguém fosse cautelosa, duvidasse dos seus sentimentos, fosse mais romântica, e ficasse com um pé atrás? O passado dos personagens diz muito a respeito de suas atitudes. Mas ela não faz isso. Ao ver Christian Grey, um louco desejo a invade e bum! A identidade construída no passado da personagem vai por água abaixo. Ela, que deveria parecer uma garota inteligente, que lê bons livros, parece extremamente imatura em alguns momentos. Talvez, nesta parte, a autora tenha captado algumas das características que os livros de romance passam para as meninas. A ideia de que o cara perfeito vai chegar e vai dar tudo certo. Coisa que geralmente algumas adolescentes pensam. Sabe isso de "ele é perfeito, tudo vai dar certo com ele", quando na verdade ela nem conhece o cara direito? Esta é a ingenuidade que Anastasia Steele, de mais ou menos 21 anos, traz, nos contextos que eu disse. Isso me incomodou um pouco, pois acaba repassando esta ideia para o pessoal que é fã de Crepúsculo e ainda não cresceu tanto assim, e pegou Cinquenta Tons para ler. E é errado, já que é um livro com conteúdo adulto, mas acontece, não podemos fingir que não acontece.




"Katherine vive me provocando dizendo que me falta o gene “preciso de um namorado”, mas a verdade é que eu simplesmente nunca conheci alguém que… bem, me atraia, embora parte de mim anseie por pernas bambas, coração na boca, frio na barriga, noites em claro. Às vezes, me pergunto se há algo de errado comigo. Talvez eu tenha passado muito tempo na companhia dos meus heróis literários românticos e, consequentemente, tenha ideais e expectativas elevados demais. Mas, na verdade, ninguém nunca me fez sentir assim."




  Também há a característica em comum com a Bella de não compartilhar sentimentos. Nada de contar as coisas aos amigos, e sim, guardar muito para si própria. Entretanto, Anastasia parece pelo menos ter amigos antes de encontrar seu "amado". Enquanto Bella havia mudado de cidade (pelo que parece, na outra ela também não se encaixava bem) e os "amigos" do atual colégio mostram seus verdadeiros sentimentos no decorrer da obra. Outra semelhança é a família. A mãe mora longe, é meio "moderninha". E o padrasto que ela considera como pai gosta de futebol, é de poucas palavras...



  A escrita é rasa. E podemos notar que ao longo do livro, evolui. Afinal, é o primeiro livro da escritora, que começou sem intenção de publicar e não é formada especialmente para escrever. Em alguns momentos, parece dar uma caída, em outros uma levantada. Dá para rir em uma boa quantidade de partes. E as semelhanças com a escrita da Stephenie Meyer, que eu reparei são as expressões usadas. E.... só. Sim, só reparei isso. Um exemplo? "Franzir o cenho". Tem bastante expressões do tipo que nos acostumamos a ver nos livros da SM. Mas não se compara muito. Se pegarmos A Hospedeira e Cinquenta Tons de Cinza, podemos dizer que o segundo é péssimo em comparação ao primeiro. A escrita é rasa, sim, mas "dá para ler".



  Dando mais detalhes do que diz a sinopse, podemos dizer que Anastasia vai entrevistar Grey fazendo um favor à sua amiga que está doente. E ao conhece-lo, como disse, acontece a "mágica". Correntes elétricas passam pelo seu corpo, e depois ela passa a pensar nele toda hora... Sem saber muito a respeito dele, o que reparamos a princípio é que é uma pessoa extremamente orgulhosa e vaidosa. E claro, controladora. Quer sempre controlar tudo, inclusive nas relações... Semelhante ao Edward, ele tem aquilo de "superproteção, porque ela é frágil e desastrada". E ele quer sempre dar presentes caros a ela, que a princípio, se recusa, mas depois aceita. A Bella já não é assim, ela recusa os "presentes fantásticos", e quando ganha, geralmente há acordos, onde ganhar o presente para ela é o lado ruim, e para ele o lado bom, como por exemplo quando vão se casar e ela fica com o carro a prova de mísseis... Repito, quando vão casar, não no início da relação, quando não há nada definido. Porém, a questão é Cinquenta Tons, então vamos lá. Em dados momentos, ele também tem aquilo de "sou perigoso, não sou bom para você", super cliché. E ao longo da história, descobrimos o porquê, apesar de não ser nada sobrenatural e ficar bem óbvio pouco depois, mas claro, só a protagonista não percebe.



"— Os negócios têm a ver com pessoas, Srta. Steele, e sou muito bom em avaliar pessoas. Sei como elas funcionam, o que as faz florescer, o que não faz, o que as inspira e como incentivá-las. Emprego uma equipe excepcional, e recompenso-a bem. — Ele faz uma pausa e me fita com aqueles olhos cinzentos. — Acredito que, para alcançar o sucesso em qualquer projeto, é preciso dominá-lo, entendê-lo por completo, conhecer cada detalhe. Trabalho muito para isso. Tomo decisões com base na lógica e nos fatos. Tenho um instinto natural capaz de detectar e promover uma boa ideia, e boas pessoas. No fim, o fator preponderante sempre se resume a pessoas competentes." 

  Após a entrevista, ele passa a quase "persegui-la", e então há vários encontros de ambos, que desenvolvem o relacionamento. Até o dia em que ela vai à casa dele, decidida a perder a virgindade. Sim, porque para ela, ele é "incrível", causa um efeito que "nenhum homem causou até então". Só que lá, quando o assunto sexo é abordado, ela descobre que ele é sadomasoquista, e vê o seu "quarto vermelho da dor". Um quarto repleto de elementos de tortura, assustadores. E a atitude de uma virgem normal, seria se assustar completamente, recuar, ficar com o pé atrás... Ainda mais pelo contexto de sua vida, terminado a faculdade, leitora de clássicos, a princípio tímida e confusa, entre outras coisas. Mas não, ela até se surpreende, mas acha legal. Está disposta a topar, desde que o tenha.  



"Nunca me senti à vontade com entrevistas cara a cara, prefiro o anonimato de uma discussão em grupo onde posso me sentar sem ser notada no fundo da sala. Para ser franca, gosto mesmo é de ficar sozinha, lendo um romance inglês clássico, encolhida numa cadeira na biblioteca do campus."




    Entre essas e outras, a história corre e vamos descobrindo mais sobre Christian Grey, vemos que ele é misterioso, e tem um passado que corresponde às suas atitudes. Este ponto se mostra positivo, pois conseguimos compreender melhor, e pela parte dele, podemos dizer que não se perdeu, sendo um fantoche nas mãos da escritora. Ele foi melhor construído do que Anastasia. 



   Portanto, meu veredito é uma relação de amor e ódio com este livro. E é a primeira vez que sofro deste mal. "Poxa, Vivian, mas você fez tantas críticas negativas à história, como assim amor e ódio?". Simples, quando li, estava saindo de uma semana de provas enlouquecida. Sabe os dias em que você não faz mais nada, só estuda, estuda, estuda e preenche sua mente, que fica louca por descanso? Sim, quando saí, tudo o que a minha mente precisava era de descanso. Então eu peguei o livro, que foi o primeiro que li que contém conteúdo "adulto", como neste, e me diverti. Li sem criticar, sem refletir muito a respeito, só por me divertir. E sim, eu me diverti lendo o livro. Porém, meses depois, quando sentei para fazer a resenha, comecei a me questionar mais sobre os fatos da história e constatei vários erros. E entendo, porque o livro desagradou tanta gente. Mas devo dizer, ele é mais do que as críticas negativas. É possível se divertir e encarar mais as coisas como ficção, esquecendo os padrões que geralmente os livros têm que seguir. A semelhança com a realidade, às vezes se perde, e em alguns livros que deveriam representar a realidade, isso é ruim. As contradições. Por essas e outras, recebem muitas críticas negativas. Consegui analisar o que me incomodou e o que me agradou. Terminei de ler este livro em menos de uma semana, e consegui me divertir, mas nem por isso, não enxerguei pontos que aos meus olhos soaram bons e ruins.



   Então, para apreciar a leitura, você deve ser livre de preconceitos, e claro, gostar do gênero, ou ter curiosidade em conhecer, como eu tive. Ler sem ficar fazendo sua mente te alertar toda hora sobre os 212131231 erros que o livro tem. Se deixar levar pela leitura, sem ler como se fosse um livro que estão te obrigando a ler. É aquilo que expus no texto "gosto literário não define caráter", leia o que você goste, não leia para criticar e se sentir melhor que os outros, porque ninguém é melhor que ninguém, e preconceito literário é algo muito antiquado. Se ainda assim não gostar, tudo bem, acontece com qualquer um, nos decepcionamos com os livros, e cada um tem um gosto diferente. Entenda e respeite isso, como tenho certeza de que goste que façam com você. ;)





  Citação negativa:



"Nenhum homem jamais me afetou desse modo como Christian Grey o fez, eu não posso entender o porquê.É sua aparência? Sua civilidade? Sua riqueza? Seu Poder? Eu não entendo minha reação irracional. Eu dou um suspiro enorme de alívio. O que em nome dos céus foi tudo aquilo? " - Anastasia


  Por que negativa? Aparência, civilidade, riqueza e poder são motivos para alguém mexer com você no sentido romântico? São motivos para interesse, não para amor verdadeiro, ou as explosões que aconteceram, não para ela suportar tudo o que suportou por ele. Na verdade, creio que não encontramos motivos para amar alguém ou sentir uma atração irresistível romântica, mas dar exemplos como esses é demais, não é? Mais uma contradição.




Citações positivas:



"— É fácil encontrar mulheres que queiram fazer isso? - Ele ergue a sobrancelha para mim.

— Você ficaria espantada — diz secamente.

— Então, por que eu? Eu realmente não entendo. — Anastasia, eu já lhe disse. Há alguma coisa em você. Não consigo deixá-la. — Ele sorri com ironia. — Sou como a mariposa atraída pela chama. — Sua voz fica sombria. — Quero você desesperadamente, sobretudo agora, que está mordendo o lábio de novo.Ele respira fundo e engole em seco.Meu estômago dá cambalhotas. Ele me quer… de um jeito esquisito, é verdade, mas esse homem lindo, estranho e pervertido me quer. — Acho que você inverteu as coisas — resmungo.Eu sou a mariposa e ele é a chama, e vou me queimar. Eu sei."






"Revendo minha vida antes dele, é como se tudo tivesse sido em preto e branco, como nas fotos de José. Agora meu mundo inteiro está a cores, e elas são ricas, vivas e saturadas. Estou planando em um raio de luz deslumbrante, a luz ofuscante de Christian. Ainda sou Ícaro, voando perto demais do sol. Rio de mim mesma. Voar com Christian: quem poderia resistir a um homem que pode voar? "





"— Você foi escoteira? — pergunta, os lábios esculturais e sensuais repuxados num sorriso. Não olhe para a boca dele!

— Atividades organizadas em grupo não são minha praia, Sr. Grey. Ele ergue uma sobrancelha.

— Qual é a sua praia, Anastasia? — pergunta ele, de novo com aquela voz suave e o sorriso misterioso. Olho para ele incapaz de me expressar. Estou em placas tectônicas móveis. Tente ficar calma, Ana, implora de joelhos meu inconsciente torturado.
— Livros — murmuro, mas, no íntimo, meu inconsciente está gritando: Você! Você é a minha praia!"




"— Você sabe, Anastasia, este foi um fim de semana de primeiras vezes para mim também — diz baixinho.

— Foi? 
— Eu nunca dormi com ninguém, nunca fiz sexo na minha cama, nunca levei uma garota no Charlie Tango, nunca apresentei uma mulher à minha mãe. O que você está fazendo comigo? — Seus olhos ardem em chamas, com uma intensidade que me tira o fôlego."  



"Para uma moça tão inteligente, espirituosa e bonita, você tem alguns autênticos problemas de autoestima…"




 "É muito difícil crescer numa família perfeita quando você não é perfeito."




 Observação: Resenha feita por mim como postadora no blog Flor de Lis.



 Beijos açucarados







2 comentários:

  1. OiVivinha, tudo bem?

    Bom, definitivamente eu não curto 50 tons. Não curto o gênero, mas principalmente, não curto essa trilogia. Acho que o sexo é uma coisa muito bonita e muito íntima para ser tão banalizado como algumas autoras colocam nos livros eróticos. Acaba ficando muito vulgar, a mulher vira um objeto... não curto.

    beijos
    Kel
    www.porumaboaleitura.com.br

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  2. Concordo com boa parte dos seus argumentos. No final das contas, o livro não é ruim, só não é o melhor dos melhores.

    Um abraço,
    http://oepitafio.blogspot.com/

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