27 setembro 2013

Resenha: Invisível ao Toque




Autora: Nat Bespaloff

Publicação independente
Assunto: Romance sobrenatural
Sinopse: Atormentada pelas lembranças de uma relação amorosa que acabou mal, Svek, uma jovem de 20 anos e apaixonada por esportes radicais, foge de relacionamentos sérios e abomina tudo o que diz respeito a sentimentos. Enquanto isso, tem sonhos recorrentes e bastante vívidos com uma garota chamada Victória, em cuja pele se vê transportada a cenários de séculos passados, em situações de extremo perigo. Nesse momento de confusão, Svek conhece o enigmático Zac, que consegue despertar nela pensamentos até então inexistentes. Ela acaba descobrindo o amor na figura de uma pessoa estranhamente familiar. Um sentimento transformado em uma maldição que resistiu aos séculos, em que a despedida e a renúncia representam o maior gesto de compaixão e coragem. Invisível ao Toque é uma história intensa, romântica, emocionante e, ao mesmo tempo, divertida, graças à habilidade com que a autora consegue imprimir o seu estilo bem-humorado em diálogos e pensamentos. 





Divertido, leve, dramático, mágico
e apaixonante




  Tudo começa com Svek, nossa protagonista, em uma fase ruim da sua vida. Seu último namorado sofreu um acidente e ela se vê como culpada, já que antes do acidente as coisas entre eles estavam... tensas, digamos assim. Depois desse acontecimento, passou um bom período da sua vida sem viver plenamente, de fato, se envolvendo com o que não deveria e perdendo a alegria de viver. Um belo dia, para esfriar a cabeça, resolve ir até a cachoeira praticar esportes radicais. Lá encontra o misterioso e divertido Zac. Ah... Zac. Tem um Zac em versão chaveiro para nós, Nat? Que personagem incrível! Me apaixonei, desculpa. Como eu disse me apaixonei, creio que vocês já perceberam que rola um romance aqui, certo? Devo dizer que se trata de um caso de amor impossível, que te prende e emociona. Faz com que o leitor se envolva e suspire junto dos personagens. Que torça por eles e fique triste com as complicações, e muito furioso com as coisas ou pessoas que atrapalham. É o livro perfeito para rir, talvez chorar e se apaixonar.
  

  Svek também tem um diferencial, que é ter sonhos onde se chama Victória. Nestes sonhos ela é uma espécie de "curandeira", a princípio, tudo num cenário passado, antigo... E os sonhos vão se tornando cada vez mais recorrentes, com mais informações e pessoas. Um certo padre, um garoto, uma mulher... Mas o que isso tudo significa? Svek não fica desesperada em saber qual o significado daquilo, afinal, para ela, são só sonhos. Mas será que são mesmo? Como na vida, cada coisa leva a um caminho, a uma direção. "Nada é por acaso". E no decorrer da trama, vamos descobrindo o porquê de cada coisa, de cada caminho, de cada acontecimento. Os enigmas e traumas do passado e suas respectivas consequências no futuro. 

  Ao passo que vai conhecendo Zac e sonhando com Victória, a história vai se desenvolvendo. E fica impossível não se ver preso a ela. Fica cada vez mais difícil para Svek não se deixar levar pelo sentimento que começa a nutrir por Zac. E também aparecem mistérios, vemos que os personagens sabem de uma coisa, mas não podem contar, o que só ajuda a te manter preso na trama. Principalmente Zac, ao ler, você nota que há algo errado com ele. Ele não fala com outras pessoas que não sejam Svek, se esconde quando tem alguém por perto e aparece simplesmente do nada. Sim, é algo sobrenatural. Façam suas apostas! Só garanto que podem até adivinhar o que ele é, mas não poderão adivinhar a verdade completa sobre ele até o final. Além desses mistérios, Zac se mostra o personagem perfeito com suas imperfeições. Ele não é um bad boy, mas tem seus momentos de estresse e seus erros, não é um cara perfeito e sem sal, mas tem seus momentos de extrema fofura, nos quais diz coisas que faz as leitoras se derreterem... Não é cliché, mas é, não é igual aos outros, é o Zac. E eu adorei.

  Encontrei diversos pontos interessantes para reflexão e dei muitas risadas. A personagem, apesar de ter seus problemas, sabe como rir e nos fazer rir da vida. Nos contagia com seu bom humor. Inclusive em situações delicadas, de estresse, ela está lá, rindo, dizendo algo inusitado que com certeza vai te fazer rir. Para mim foi um ponto mais que positivo. Deu leveza ao livro e faz a leitura fluir melhor. Tem, inclusive, momentos em que ela para para refletir sobre algo da vida, como por exemplo, quando fala do Facebook. Achei inusitado o modo como ela fala abertamente sobre o que acontece e meio que "desmascara" certas hipocrisias e coisas chatas. A gente vê muita gente reclamando de indireta, mas quem nunca postou uma? Ela lê sua página e vai falando, no seu jeitinho bem humorado, sobre as indiretas inconvenientes que recebe, sobre o que as pessoas postam, das frases com nomes de autores que as pessoas cismam que são de tal autor, mas não chegam nem perto. Como as da Clarisse Lispector, como vemos coisas como se fossem da autoria dela! E muitas vezes quem posta nem sabe quem é a autora. De um jeito bem humorado, certas coisas do dia-a-dia são exploradas e jogadas para nós, de forma bem humorada e reflexiva.



"O sol acariciava meu rosto, enquanto os ruídos das folhas nas árvores e das águas funcionavam como uma orquestra para os meus ouvidos. Fiquei por um tempo desfrutando dessas sensações. Essa calmaria me fez ter vontade de chorar, e assim eu o fiz. É o que costumo fazer: chorar sozinha para disfarçar fraqueza. Egoísta com minha dor, gosto de senti-la sozinha, sem dividi-la com ninguém."


  Como eu disse antes, Svek começa a história com essa carga emocional do seu passado, o que aconteceu a faz pensar que o amor é algo que não quer tão cedo em sua vida, que só trouxe coisas ruins. E achei isso muito interessante de se abordar, pois quando passamos por decepções que nos machucam muito, temos o instinto de recuar, pelo menos por um tempo, diante de algumas situações da vida. Quando seu mundo cai e você perde as esperanças, não vai tão cedo apostar suas fichas em novos riscos de novo. Penso que o amor, por mais maravilhoso que seja, por mais incrível que seja a pessoa, vai te magoar em algum momento. E isso é bom se você for esperto, porque você vai aprender, amadurecer. Mas o inevitável, que tiramos daqui e da vida é que por mais que você tente fugir e se proteger, por mais que diga que não se importa, você vai se importar, vai se perder, se apaixonar e sim, vai se decepcionar. No livro, vai ter que enfrentar coisas até impossíveis! Realidade ou ficção, vale a pena lutar pelo amor e ser feliz.


"Estava mais leve e feliz depois de vê-lo. Acho que Zac tem um ímã com magnetismo que puxa todos os meus melhores sentimentos escondidos e os faz ficarem à mostra. Não digo que fica visível a todos, mas pelo menos a mim mesma. Sinto-me bem. Bem feliz."


  Além dos personagens centrais, vemos os personagens que são as pessoas com as quais Svek vive. Sua mãe, que pelo que percebemos sempre está ali, se importando com ela. Seu grupo de amigos, e inclusive um desses amigos que gosta até demais dela... Adorei a Sammy, sua amiga, que tem aquele jeito mais bem humorado e de quem não leva muito as coisas a sério. O seu jeito despreocupado foi até exagerado em algumas partes, nas quais eu fiquei até um pouco irritada com ela. Mas não foi nada que tenha atrapalhado a leitura. Como eu costumo dizer, coisas assim dão verossimilhança. As pessoas não são perfeitas, uma obra que se dispõe a retratar a realidade, com fantasia ou não, deve levar isso em conta.

  Nos sonhos de Svek também vemos o contexto histórico da caça às bruxas. Fiquei curiosa, até, e penso em pesquisar, pois pareceu ser antes das reformas protestantes. E me interesso por histórias que tenham esse conceito de bruxas, todo o estilo da época. Acho, inclusive, que a autora poderia aprofundar o assunto em outros livros (não dei spoiler, mas quem leu vai entender bem o que quero dizer). O final foi surpreendente, mas para mim algumas coisas faltaram ser resolvidas, como de onde vem tal personagem, como algumas coisas foram mesmo possíveis. E creio que um outro livro, com a personagem em que estou pensando, ficaria ótimo e amarraria essas pontas. Claro, quero tudo com o mesmo bom humor de Invisível ao Toque. Já disse e repito, a narrativa da autora é bem humorada como ela. Seu bom humor se reflete no livro. Tenho percebido que nos primeiros livros de escritores que venho conhecendo, pelo menos um pouco, tem bastante deles. 

  Por fim, gostaria de comentar a edição do livro, que eu simplesmente amei. Não costumo comentar esse tipo de coisa nas resenhas, mas no caso, eu não poderia deixar de citar esse maravilhoso trabalho de edição. É uma publicação independente que deu um show em muitas editoras. O livro ficou simplesmente lindo. A capa é linda, tem divisão nos capítulos com uma imagem linda também, atrás do livro também tem uma imagem do Zac. São modelos, e eu não adotei a menina dos capítulos, nem da capa para ser minha Svek, mas gostei do modelo escolhido para o Zac, apesar de imaginar ele com um ar mais jovial. E sempre tenho aquilo de que personagens são únicos, tomam nossa mente, se materializam na alma. Então nunca vou ver nenhuma pessoa igual a um personagem criado, sem inspiração  específica na aparência de alguém que exista. Não sei como vocês se sentem quanto a isso, mas eu sempre tenho essa impressão.

  Invisível ao Toque foi uma das melhores leituras do ano. Eu me emocionei, torci muito, quase fiquei com ressaca literária, ri bastante e me apaixonei. Preciso de mais livros da Nat para já! A narrativa leve, bem humorada e mágica nos faz flutuar de alegria e querer imediatamente conhecer nossa Svek, para sermos amigas, porque a visão que eu tive dela foi a de que ela é uma daquelas pessoas que te fazem sorrir sempre, apesar dos problemas dela e dos seus. E claro, o romance sobrenatural conseguiu fugir do cliché para mim, eu já desconfiava do que o Zac era, mas não imaginava o final, que conseguiu me tirar o fôlego de emoção. Simples assim, não poderia levar menos que cinco estrelas.








 Músicas que encontrei no livro e corri para escutar: 

- Ghosts, Florence and The Machine
- Breaking, Alana Grace
- I was broken, Marcus Foster
- Smells like a teen spirit, Nirvana


Quotes:

"- Ficou sem palavras? - Inclinou a cabeça para trás, rindo. Seus dentes pareciam milimetricamente encaixados um ao lado do outro, sem falhas, sem alface no vão entre eles. Perfeitos. 'Com certeza, é dentadura.' Não queria criar uma imagem de homem perfeito na mente; ele não era. Não queria que fosse."

"É revigorante encontrar a perfeição. Mesmo que seu perfeito seja torto, quebrado, arranhado, esquisito... Porque, de um jeito ou de outro, essa imperfeição é perfeita, para mim."


"- Sabe quando você está muito tempo no escuro, a tal ponto de se acostumar com a escuridão? E, de repente, eis uma luz forte, linda e brilhante que entra pelos olhos e te toca, te ilumina por dentro? Você me faz sentir vivo."


"- Por que me persegue?   -Você faz parte da minha escolha. (...) Escolhi ser feliz."


"- O corpo - continuou ele - é igual massa de modelar. Se você entregar a dez pessoas uma massa de modelar, cada uma delas irá deixá-la com formato diferente. Assim é a alma; molda o corpo. Quem escolhe a pessoa pela cor da massa de modelar não ama. Quem escolhe pelo que foi feito com a massa, ama a alma desse ser."





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 Conheça o site da autora aqui. Ela faz caricaturas divinas e ainda é possível adquirir outros produtos.


Confira a entrevista com ela, aqui no blog.










 Obrigada pela parceria e confiança, Nat. Adoro te ter como parceira aqui do blog. Mil desculpas pela demora em fazer a resenha. Todo o sucesso para você! 




 Beijos açucarados.




6 comentários:

  1. Adoreia resenha. O livro parece ser bem interessante, embora fuja um pouco ao meu gosto, mas a gente deve arriscar, não? Quem sabe o que vai encontrar!

    http://florescerepalavrear.blogspot.com.br/

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  2. Adorei Vivian, mais um livro pra minha lista

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  3. Awnnnnnnn, amei a resenha.
    Muito obrigada pelo carinho!!!! Estou super mega hiper feliz!!!!!!!!!!!! ^^

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