Autora: Carina Corá
Editora: Novo Século - Selo Novos Talentos da Literatura Brasileira
Assunto: Romance, fantasia, o real e o irreal
Sinopse:Quatro diários. Três seres. Uma busca em comum: chegar à superfície da realidade. Uma torre, um lago de cristal, olhos de universo presentes em tempos diversos, em vidas cruzadas e em memórias fictícias. Um mundo imaginário perdido no limbo de uma casa que abrigara relações misteriosas de uma família. Até que ponto suas memórias são verdadeiras? Através dos relatos de Coralina de Lilá, Bianca Giacomina e Érus atravessamos o fino limiar entre realidade e ficção.Páginas: 207
Realidade, delírio, sonho ou insanidade?
Maravilhoso. Sem dúvida, um dos melhores livros que já li. A escrita da Carina é incrível, você se vê levado a viajar por mundos incríveis, se vê submerso na loucura, de volta à realidade, despedaçado e exaltado, tudo isso num livro só, em que a leitura flui super bem. É uma experiência fascinante e super recomendada. Para mim o mais chato é que livros maravilhosos como este não ganhem espaço de destaque nas livrarias. É algo triste, pois graças a isso, muita gente perde essa maravilhosa viagem. Peço que prestem atenção nesta resenha, tentem pegar a essência do livro e verão do que estou falando. Já começo a resenha com algo que ouvi da própria autora: "você acredita que tudo o que vive é realidade?" Será que sabemos de tudo? Até onde vai o verdadeiro conhecimento? Há verdade absoluta? Tudo é real? Você tem certeza da sua realidade? O quanto do seu mundo você pode controlar? Nesse livro o tema vem à tona. Temos que embarcar junto de Coralina e viajar com ela para o mundo de Érus, e descobrir o que é realidade e o que não é.
Tudo começa com Coralina de Lilá se mudando com a mãe. Coralina está receosa inicialmente, digamos que ela não está muito empolgada com a mudança. Sua mãe, Tarsila, tenta convencê-la de que as coisas serão melhores e etc, e Coralina reage mau. Em meio a isso, há aquilo de quando não demostramos o quanto gostamos de alguém, não dizemos o quanto amamos a pessoa que se esforça para fazer seu melhor por nós. No caso, Tarsila tenta trazer o melhor para a filha. Coral não consegue expressar agradecimento por aquilo, nem dizer que ama a mãe. E é dito que nesses momentos, muitas vezes, quem precisa de mais carinho é quem não tem coragem de dizer o que sente. E eu senti nisso certa realidade. Quantas vezes não conseguimos sorrir para alguém que gostamos, não conseguimos chegar e dizer "estou com você", "te amo" e ficamos no nosso canto, com vontade de dizer aquilo? Geralmente, gostaríamos de ter o carinho, de sentir e expressar, de despertar e viver, mas não conseguimos, seja lá por quais motivos. E disso decorre que quem precisa ouvir as palavras de afeto somos nós. Muitas vezes, falta muito isso atualmente. Há correria, há muito a se fazer, e acabamos deixando esses momentos passarem. Quando alguém age com gentileza conosco chega a ser até estranho, principalmente quando é um desconhecido. Será que não seria bom implantar uma cultura de maior afeto e do "vamos nos expressar"? Vamos passar aquilo que queremos? Ou até mesmo "Vamos mostrar que amamos quem não consegue dizer"? Que tal espalhar um pouco mais de amor por aí?
Mãe e filha se mudam para a casa de Bianca Giacomina, que é uma freira de olhos azuis que conserva olhares contraditórios, numa hora passa severidade, em outra amor e até pena, tudo em seu mar azul e perturbador. Pouco a pouco, Coral vai vivendo na casa, "tentando" se adaptar. A casa tem próximo a si um bosque, e outro fator que chama a atenção é a torre de tijolos em cima da casa, uma torre misteriosa e escondida. Como se chega até ela? O que ela esconde? Coral recebe um aviso de irmã Bianca de que não deve ir até lá, de jeito nenhum. E de tanto ser proibida, a curiosidade só aumenta, tanto que ela chega a ter sonhos com a torre. Fica obcecada em descobrir o mistério. Até que decide ir lá durante a noite. Nessa viagem, ela encontra um mundo lindo, desvenda, em parte, o mistério. Um mundo viciante e repleto de segredos, que aguçam cada vez mais a curiosidade de Coral. Um mundo com Érus.
Érus é o morador da torre e o conhecedor dos segredos. Quem reflete em si, literalmente, imagens do céu, do universo. Seus olhos são dois planetas azuis e sua alma é encantadora. Nasce entre eles uma espécie de dependência, de necessidade um do outro. É uma ligação tão forte que podemos senti-la em nós. Podemos sentir como cada vez mais Coral se vê dependente desse mundo e de Érus. Você ama com ela, você se perde, viaja, fica incerta, não sabe o que acontece. Você sofre. Sim, sofre bastante. E devo dizer, no meu caso foram precisos alguns lencinhos. E tudo isso na narrativa da Carina, que é bem poética, te tira o fôlego, pouco a pouco. E o mais incrível é que são memórias. Realmente, logo de início percebemos isso. Mas de modo algum deixamos de revivê-las junto dos personagens, que as contam em quatro diários. Cada um deles traz mais e mais revelações da mesma história, para no final, sermos arrebatados. Se eu fiquei surpresa com o final? Um pouco. Mas já digo, a história termina no estilo "o leitor decide". Eu escolhi mais esperança, escolhi coisas mais perto do que eu queria que fossem, sabe? Porque da forma que termina, nem os personagens sabem o que é realidade e o que não é. Mesmo terminando dessa forma, o livro é bem fechado e te faz transbordar de emoção. Cuidado! Pode causar dependência e ressaca literária.
Tudo começa com Coralina de Lilá se mudando com a mãe. Coralina está receosa inicialmente, digamos que ela não está muito empolgada com a mudança. Sua mãe, Tarsila, tenta convencê-la de que as coisas serão melhores e etc, e Coralina reage mau. Em meio a isso, há aquilo de quando não demostramos o quanto gostamos de alguém, não dizemos o quanto amamos a pessoa que se esforça para fazer seu melhor por nós. No caso, Tarsila tenta trazer o melhor para a filha. Coral não consegue expressar agradecimento por aquilo, nem dizer que ama a mãe. E é dito que nesses momentos, muitas vezes, quem precisa de mais carinho é quem não tem coragem de dizer o que sente. E eu senti nisso certa realidade. Quantas vezes não conseguimos sorrir para alguém que gostamos, não conseguimos chegar e dizer "estou com você", "te amo" e ficamos no nosso canto, com vontade de dizer aquilo? Geralmente, gostaríamos de ter o carinho, de sentir e expressar, de despertar e viver, mas não conseguimos, seja lá por quais motivos. E disso decorre que quem precisa ouvir as palavras de afeto somos nós. Muitas vezes, falta muito isso atualmente. Há correria, há muito a se fazer, e acabamos deixando esses momentos passarem. Quando alguém age com gentileza conosco chega a ser até estranho, principalmente quando é um desconhecido. Será que não seria bom implantar uma cultura de maior afeto e do "vamos nos expressar"? Vamos passar aquilo que queremos? Ou até mesmo "Vamos mostrar que amamos quem não consegue dizer"? Que tal espalhar um pouco mais de amor por aí?
Mãe e filha se mudam para a casa de Bianca Giacomina, que é uma freira de olhos azuis que conserva olhares contraditórios, numa hora passa severidade, em outra amor e até pena, tudo em seu mar azul e perturbador. Pouco a pouco, Coral vai vivendo na casa, "tentando" se adaptar. A casa tem próximo a si um bosque, e outro fator que chama a atenção é a torre de tijolos em cima da casa, uma torre misteriosa e escondida. Como se chega até ela? O que ela esconde? Coral recebe um aviso de irmã Bianca de que não deve ir até lá, de jeito nenhum. E de tanto ser proibida, a curiosidade só aumenta, tanto que ela chega a ter sonhos com a torre. Fica obcecada em descobrir o mistério. Até que decide ir lá durante a noite. Nessa viagem, ela encontra um mundo lindo, desvenda, em parte, o mistério. Um mundo viciante e repleto de segredos, que aguçam cada vez mais a curiosidade de Coral. Um mundo com Érus.
Érus é o morador da torre e o conhecedor dos segredos. Quem reflete em si, literalmente, imagens do céu, do universo. Seus olhos são dois planetas azuis e sua alma é encantadora. Nasce entre eles uma espécie de dependência, de necessidade um do outro. É uma ligação tão forte que podemos senti-la em nós. Podemos sentir como cada vez mais Coral se vê dependente desse mundo e de Érus. Você ama com ela, você se perde, viaja, fica incerta, não sabe o que acontece. Você sofre. Sim, sofre bastante. E devo dizer, no meu caso foram precisos alguns lencinhos. E tudo isso na narrativa da Carina, que é bem poética, te tira o fôlego, pouco a pouco. E o mais incrível é que são memórias. Realmente, logo de início percebemos isso. Mas de modo algum deixamos de revivê-las junto dos personagens, que as contam em quatro diários. Cada um deles traz mais e mais revelações da mesma história, para no final, sermos arrebatados. Se eu fiquei surpresa com o final? Um pouco. Mas já digo, a história termina no estilo "o leitor decide". Eu escolhi mais esperança, escolhi coisas mais perto do que eu queria que fossem, sabe? Porque da forma que termina, nem os personagens sabem o que é realidade e o que não é. Mesmo terminando dessa forma, o livro é bem fechado e te faz transbordar de emoção. Cuidado! Pode causar dependência e ressaca literária.
Memórias Fictícias é um livro fantástico que não só merece, como deve ser lido. O diferencial da história é a escrita da autora e o modo como o mistério se encaminha, o modo como nos perdemos, o mundo criado, tudo é realmente fantástico. É incrível o modo como há o jogo sobre o que é realidade e o que não é. Faz você refletir bastante, e é claro, se apaixonar. E é o tipo de livro, que creio eu, sobre o qual devemos saber o menos possível antes de ler. Você começa devagar, chega de mansinho, vai despertando, se envolvendo, quando vê está no meio dos acontecimentos e sente tudo junto dos personagens. É incrível. Por isso, a resenha ficou mais curta do que as que eu geralmente faço. Quanto menos souber antes, melhor. Inclusive, a leitura flui fácil, o que garante a sensação de que o livro é mais curto. Além disso, guardei assunto para a reflexão. Vamos debater sobre pensamentos maravilhosos, e principalmente sobre realidade e imaginação.
Quotes:
"Eu queria ser a tempestade ou um dia de sol. A tempestade elimina toda a sua raiva em poucos instantes, sofre ao extremo, mas depois dá lugar a uma felicidade pura, o sol. Eu era o chuvisco nesse momento - sem graça, sem sentimento, reprimido, vazio, duradouro."
"Por sua causa, eu tornei-me o céu. A sua paixão, a sua tendência à imensidão... Você me fez ser o universo; um universo inteiro criado para você."
"Acredito que a conexão existiu simplesmente porque ela completava o espaço vazio da minha mente, e sei que ela completa o espaço vazio em minha alma."
"Eu enxergava a vida pelos seus olhos, e continuava inexistente em seu pensamento."
"Acredite, quando somente sua teoria e pensamentos são os corretos, se o seu mundo rachar, você vai cair de um precipício ao invés de levar um simples tombo."
Deixo meus inúmeros agradecimentos à autora, que é parceira do blog. Amei Memórias Fictícias. Carina Corá é um verdadeiro talento, e eu gostaria muito de ver mais livros dela. Sabe quando você acaba um livro e sua primeira reação é meio que ficar em choque? Me senti assim. Minha segunda reação foi querer mais. Mais da escrita da Carina. Mais dessa incrível desenvoltura com as palavras. E deixo também: parabéns! Parabéns! E parabéns! Seu dom com as palavras é realmente fantástico! Adorei!
E desculpa, Carina, pela demora. Realmente não deu. Vieram mil e uma responsabilidades no colégio. Logo, logo venho com a reflexão.
Beijos açucarados.
Oiee, gemula ;)
ResponderExcluirNossa não conhecia o livro, primeira resenha que leio dele, e depois do teu entusiasmo todo, quero ter a oportunidade de estar lendo o mais rápido possível!
Beliscões carinhosos da Máh :)
Cantinho da Máh
@Maaria_Silvana
Olá!
ResponderExcluirO livro parece muito interessante!
É uma pena mesmo que livros de autores iniciantes ou autores com menor número de vendas, mas que são bons não tenham tanto espaço de divulgação assim. É uma pena porque dificulta o começo de carreira de novos autores, mas acredito que quando se tem qualidade aos poucos os espaços vão se abrindo, assim espero né! :)
Seguindo o blog!
Abraços
Melissa
De Coisas por Aí