09 junho 2013

Resenha: 72 Horas para morrer








Autor: Ricardo Ragazzo 
Editora: Novo Século
Sinopse: Pior do que conhecer um Serial Killer, é um Serial Killer conhecer você! “O Carro pertence à sua namorada.” Com essas palavras, Júlio Fontana, delegado da pacata cidade de Novo Salto, tem a vida transformada em um inferno. Pessoas próximas começam a ser brutalmente assassinadas, como parte de uma fria e sórdida vingança contra ele. Agora, Júlio terá que descobrir a identidade do responsável por esses crimes bárbaros, antes que sua única filha se torne o próximo nome riscado da lista. 72 Horas para Morrer é uma corrida frenética contra o tempo, que prenderá o leitor do início ao fim.




  Surpreendente, viciante e chocante


  E se fantasmas do seu passado viessem te assombrar? Júlio Fontana sente esta sensação de forma terrível. Tudo começa com o sumiço de sua namorada. Numa manhã comum, após achar um misterioso bilhete em seu jornal, Júlio descobre que o carro de sua namorada foi encontrado vazio e abandonado. Ao investigar, acha um pen drive que contém um vídeo de sua namorada sequestrada e contando que está grávida. Ou seja, o desespero é total para achá-la. Infelizmente, Júlio não chega a tempo, e o que acha é uma verdadeira carnificina de sua amada. Seu corpo está oco dentro de um freezer, e seus órgãos jogados em sacos de lixo do lado de fora. Em seu colo, um pote com formol, dentro, o filho de Júlio que não pôde vir ao mundo. Após este acontecimento, claro, ele fica atordoado e determinado a encontrar o assassino, antes que a promessa de mais mortes se cumpra.



  Deu para perceber que o livro prende muito o leitor, não é? De uma hora para outra tudo muda na vida de Júlio e o que ele tem nas mãos é uma corrida contra o tempo para tentar evitar mais mortes trágicas como a que vimos. Seu maior tesouro é sua filha Laura, com a qual tem um relacionamento conturbado desde a morte da mãe. Uma personagem bem complexa, real. Sim, real. Vi muita gente falando mal da Laura por aí, e confesso que ela não é nenhum modelo a ser seguido. Ela erra e muito durante a história. Faz burradas sim, e você tem vontade de entrar lá, pegar ela pelos ombros e gritar tudo o que está acontecendo. E é por isso que eu digo que ela foi importante sim para a história. Vi resenhas que diziam que ela não teve papel importante, mas teve sim, principalmente no final. A considerei uma boa personagem porque achei que ela corresponde à realidade. Ela teve um passado difícil, perdeu a mãe e viu o pai vivendo no modo de delegado, indo atrás de pessoas, fazendo bobagens, dando maus exemplos, o que queriam dela? Que ela fosse uma jovem tranquila e compreensiva sempre? É difícil ver gente que teve uma vida problemática ter uma mente saudável no total. Admito, ela é imatura, e justamente por isso é real. Olhem o mundo à sua volta, prestem atenção na conversa de alguns jovens, eles são imaturos. Eu fico até triste de dizer isso, mas falta muito caráter e maturidade na geração que olho e a que pertenço. Claro que tem exceções! Óbvio. Mas ainda assim, sinto muito dizer, mas a cultura que vejo em muitos lugares é a cultura da mente vazia e da imaturidade. Da falta de amor e do "vamos curtir". Graças a Ricardo, Laura não é assim, é uma menina até inteligente. Seu erro é não perdoar algumas coisas que aconteceram e ser imprudente muitas vezes, pensando apenas com o coração. Então sinto dizer àqueles que não gostaram de Laura, mas acreditem, tem gente real muito pior por aí. 

  Antes de ler 72 Horas, eu não tinha altas expectativas com o livro, pensava que poderia ser uma história daquelas de psicopata, com final cliché e impunidade. Mas não. O final é arrebatador, surpreendente. Ao ler o livro, vários suspeitos aparecem, mas de fato, só sabemos quem cometeu os crimes no final. E eu gostei muito do final. Vi um que da nossa vida. Vou dizer algo que possa ser spoiler, se quiser arriscar, passe o mouse: eu acredito em vida após a morte, obsessão e etc. Não é segredo nenhum para quem acompanha meus textos e algumas resenhas que sou espírita. Então para mim o final foi significativo demais. O que vi foi uma alegoria para designar aprendizado ao personagem, que em sua profissão, acabava agindo mal muitas vezes, fazendo mal ao próximo. Ele não chegava a ser um psicopata (lembrem da resenha de Mentes Perigosas, não é porque as pessoas fazem maldade que são um...), mas pegava muito pesado em alguns casos. Nós percebemos como sua personalidade é explosiva. O que penso que com suas atitudes, atraiu para sua vida consequências, sofrimentos, e coisas ruins. Como percebemos no final. Sua vingança, impulsividade e rancor geram consequências terríveis, para ele e para aqueles próximos a ele. A meu ver, na minha crença, não quero dizer que "ah... fez tal coisa, merece passar por aquilo", não. O que quero dizer é que levando o livro à condição de vida, o que penso que  Júlio atraiu para a sua vida sérios problemas com suas atitudes, para que levasse deles, certo aprendizado. E penso que se fosse uma história espírita, teria que ter continuação, pois claro que o espírito Adam não pararia ali, com certeza rondaria e tentaria trazer mais coisas ruins, problemas muito sérios. Além disso, se fosse, também teríamos que ver mais aprendizado por parte do protagonista.

  Não sei qual foi a intenção do autor com o final, se foi esta que eu disse, ou se foi apenas colocar o sobrenatural. Ainda assim, eu adorei. Acho que ficaria decepcionada, se o livro terminasse como um desses filmes clichés. Mas não foi isso que aconteceu. Além das surpresas e dos mistérios, outros pontos positivos para o autor foram os capítulos alternados. Uma hora a narração era de Júlio, e em outra era a narração dos acontecimentos que ocorriam com determinado personagem. Ainda há partes que são lembranças do passado, sonhos, e relatos. Isso tudo só tornou o livro ainda mais interessante para mim. A imperfeição dos personagens também, porque se eu não sou perfeita (também não exagero como os personagens, mas...) não posso cobrar a perfeição de ninguém. Se nem na vida real posso isso, como eu deveria ler um livro e querer que os personagens fossem perfeitos? Para mim o que torna um personagem real são os seus defeitos, pois isso os torna humanos, e dá verossimilhança à história. Eu não teria gostado se Júlio não desmoronasse diante das situações, se ele não perdesse a cabeça de vez em quando, porque é isso que um delegado com sentimentos faria, é isso que Júlio faria. Não achei erros em sua personalidade. Vi que desde criança ele tinha o seu jeito "arriscado", genioso, e quando ele tem pouco tempo para proteger quem ama, é de se esperar que perca a cabeça, que faça bobagens. Então para mim foi um ponto positivo, o autor não fugiu do que o personagem faria. Júlio realmente nasceu, viveu, não foi um boneco manipulado pelo autor, mas sim um personagem que agiu, que teve vontade própria.

  Gostaria de poder contar mais a vocês, mas acho que acabaria dando spoilers, então só vou contar aquele início. Acho que 72 Horas para morrer é um daqueles livros que temos que ler sem saber muito à respeito, e que pouco a pouco vai nos puxando para sabermos mais e mais dos acontecimentos. Além disso, para ler também é preciso ter "estômago forte". Como viram pela primeira morte do livro, há bastante sangue e crueldade... Uma boa quantidade de cenas assim, horripilantes. Eu não curto histórias em geral com coisas assim, mas tenho minhas exceções. Este livro foi uma delas. Passei por ele tranquila, e gostei sim. Em alguns momentos soltei meus "ai...", "que horror!", "foi ele!"... E isso é bom, não é? Quando um livro nos pega e nos faz viajar, sentindo várias emoções. Então eu li e recomendo. Leiam e sejam fisgados nesta corrida contra o tempo, se divirtam, emocionem, vejam um pouco mais da natureza humana e principalmente, reflitam muito, como sempre.









  E claro, gostaria de agradecer à Natalia do blog Obcecada pelos livros pela chance de participar do book-tour. Adorei!










 Beijos açucarados,





4 comentários:

  1. Adorei a resenha Vivian, parabéns. Eu é que te agradeço por ter aceitado participar! *u* Beijão s2

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  2. Nossa Vivian amei sua resenha,já me inscrevi em um book tour também e estou ouca para ser escolhida ^^
    Sua resenha ficou ótima e bem reflexiva rsrs
    bjs
    Tamires C.

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