Resenha: Eu te darei o Sol

- Livro cedido em parceria com a editora -

Autora: Jandy Nelson

Editora: Novo Conceito

Assunto/ Categoria:

Páginas: 384

Sinopse: Noah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola de arte da Califórnia. Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separaram definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém. Contado em perspectivas e tempos diferentes, EU TE DAREI O SOL é o livro mais desconcertante de Jandy Nelson. As pessoas mais próximas de nós são as que mais têm o poder de nos machucar.

Uma das melhores leituras do ano

Sabe aquele livro que você lê e fica marcado por vários dias? Que dá vontade de abrir a janela e gritar para aquelas pessoas mais queridas lerem o livro, porque ele é maravilhoso, mas também especial e por isso você só recomenda para elas? Eu te darei o sol é este tipo de livro. Sério, gente. Fiquei apaixonada. Antes de qualquer coisa, o livro é um YA que não foca no romance, mas na questão familiar. Trata do relacionamento entre irmãos gêmeos: Jude e Noah. Até aí nada demais, se você não se identifica de alguma forma. Mas o que mais diferencia o livro para mim é o modo como a autora conta a história. A narrativa é alternada entre os irmãos em idades diferentes e ambos têm um modo muito especial de ver o mundo, artístico, apaixonado, intenso, sem contrastar com a idade nem a proposta do livro.

O "antes", que conta todos os acontecimentos que fizeram com que os irmãos parassem de se dar bem, é narrado pelo Noah de 13-14 anos de idade. Sua narrativa combina com a idade perfeitamente, mas me apaixonei pelo modo de ver dele porque é especial. Apaixonado por desenhar tudo que vê, enxerga o mundo por cores, sua alma grita por desenhar situações de sua vida que o tocam, e como todo artista apaixonado, Noah sente tudo muito intensamente. Junte a isso as confusões de uma mente de 13 anos... O sentimento de não se encaixar em lugar algum, por ter gostos diferentes de todos da sua idade, de ter dúvidas quanto à sua sexualidade e medo de decepcionar as pessoas, principalmente seu pai. É tocante. Apaixonante.

Jude narra o "depois", do acontecimento que mudou a vida dessa família drasticamente. E é engraçado, porque quando você lê primeiro a parte do Noah, fica com medo de não gostar dela; mas a irmã também é adorável. Com 16 anos, Jude também está vivendo em meio ao pensamento artístico, "conversa com espíritos" (leia para entender melhor) e leva sempre uma bíblia de sua avó, que na verdade é uma agenda com anotações de crendices populares, como "levar uma cebola no bolso para espantar coisas ruins, azar". E Jude segue tudo. Sua narrativa é até mais engraçada, fofa. Os acontecimentos em sua vida lembram até um pouco mais o gênero YA, apesar de Noah também trazer questões importantes da idade. A estratégia de narrativa também torna a leitura mais dinâmica. Os capítulos alternados dos irmãos faz com que você comece a ler e não consiga mais parar. E quando termina o livro, a história fica com você.

A questão da família e da educação também é muito bem debatida aqui. Noah e Jude competem muito um com o outro, porque um sempre quer mais atenção e aprovação dos pais, que não percebem isso. Daí e dos tratamentos dos pais em relação a certos sentimentos dos filhos, vêm vários questionamentos de "como é certo agir e educar em tal situação". O que é mais um diferencial do livro, o forte lado familiar em debate, as imperfeições que toda família tem, decorrentes do fato de sermos humanos e imperfeitos. Outro destaque que a história me transmitiu foi que mesmo com toda a sensibilidade artística deles para ver o mundo, eles não voltavam sua visão especial para si mesmos. Viviam às cegas em relação ao próprio interior, negavam quem eram e suas vontades, preferindo sempre agir de modo ou a agradarem aos outros, ou a se protegerem. Daí eu pensei: contradição de artista. Nós mesmos, leitores vorazes, enxergamos com detalhe as almas dos personagens, mas em que momento da vida paramos para ver a nossa alma?

Outra mensagem linda do livro é "um coração partido é um coração aberto" (suspiro). Uma das doenças do mundo em que vivemos é fechar o coração a tudo, como forma de proteção. Só que às vezes exageramos tanto, que deixamos de viver a nossa vida por medo. A grande mensagem final é "Arrisque-se (uma, duas, três vezes). Reconstrua o mundo." O que é maravilhoso e traz o livro YA para todas as idades, porque muitos adultos precisam se lembrar dessa lição diariamente: não fechar o coração, aprender com as crianças e jovens que arriscar é necessário e não se esquecer disso. Tem como não favoritar esse livro e recomendar pro mundo? ♥

A edição da Novo Conceito ficou linda, me apaixonei por esta capa amarela e coloquei fotos no Instagram para compartilhar o amor. Por dentro o livro também é puro amor na diagramação. Além disso, há notas de rodapé explicando o que nós, brasileiros, podemos não entender, o que adorei. ♥ O caderno de desenhos a venda junto com o livro em algumas livrarias também é ótimo, porque traz trechos de Noah e seus desenhos. Se puder comprar com ele, compre.

5 Estrelas

Favorito ♥

5 Estrelas