Resenha: Veneno

Livro 1 da Saga Encantadas

Autora: Sarah Pinborough

Editora: Única

Assunto: Recontagem de conto de fadas, ficção norte-americana.

Páginas: 224

Sinopse: Sexy, sarcástico e de prender a respiração! Para os fãs de Once Upon a Time e Grimm, Veneno é a prova de que contos de fadas são para adultos! Não existe “Felizes para sempre”! Você já pensou que uma rainha má tem seus motivos para agir como tal? E que princesas podem ser extremamente mimadas? E que príncipes não são encantados e reinos distantes também têm problemas reais? Então este livro é para você! Em Veneno, a autora Sarah Pinborough reconta a história de Branca de Neve de maneira sarcástica, madura e sem rodeios. Todos os personagens que nos cativaram por anos estão lá, mas seriam eles tão tolos quanto aparentam? Acompanhe a história de Branca de Neve e seu embate com a Rainha, sua madrasta. Você vai entender por que nem todos são só bons ou maus e que talvez o que seria “um final feliz” pode se tornar o pior dos pesadelos! Veneno é o primeiro livro da trilogia Encantadas, e já é um best-seller inglês. Sarah Pinborough coloca os contos de fadas de ponta-cabeça e narra histórias surpreendentes que a Disney jamais ousaria contar. Com um realismo cínico e cenas fortes, o leitor será levado a questionar, finalmente, quem são os mocinhos e quem são os vilões dos livros de fantasia! Palavra da editora: Veneno é um livro tenro como uma maçã envenenada. Belo como os vilões costumam ser. Sarcástico como príncipes mimados. E sem finais felizes porque já estamos bastante crescidinhos! (E, ainda assim, é um dos finais mais chocantes da ficção atual!) Para fãs de séries de TV e histórias picantes e divertidas, Veneno é puro entretenimento! – Mariana Rolier

Vilões? Mocinhos? Humanos.

  Quando recebi Veneno em casa, o que mais me chamou a atenção foi a edição. Quem acompanha o blog sabe que eu nem sempre comento detalhes da edição, a não ser que seja algo que realmente chame a atenção. E nossa! Eu preciso falar sobre o trabalho super bem feito em Veneno! A capa, as orelhas, os espaços de capítulo para capítulo... tudo parece ter sido super bem pensado e ter cumprido seu objetivo: encantar. A série Encantadas faz um remake dos contos de fadas, e pelo que eu entendi, mescla histórias e personagens num enredo só. O clima de contos de fadas presente no livro foi aumentado com os caprichos da edição, e principalmente, as ilustrações de capítulo para capítulo, que eu amei. É comum ver nos remakes atuais de contos de fadas um clima mais sombrio, adulto, como eram as versões originais, antes de serem tocadas pela Disney. Veneno não é diferente. O clima é mais sombrio e a temática mais adulta. E algo muito legal de ser uma recontagem é que torna a história mais humana, traz para mais perto de nós, no sentido das imperfeições e dos motivos para os personagens agirem como agem. Sarah desenvolveu o lado de cada personagem de forma até sutil, mas desenvolveu. Faltaram detalhes sobre alguns, que eu espero que sejam respondidos nos outros volumes, mas no geral, tivemos uma reflexão sobre o sentido de cada um. Há magia, personalidades, luxuria, maldade, bondade sem inocência, inocência falsa... Surpresas! Muitas surpresas.

    Eu sempre gostei da história de Branca de Neve. É uma das minhas favoritas entre os contos de fadas. E esta releitura me agradou muito! O que foi uma pena foi o fato da autora não ter explorado tão bem a personalidade de Branca de Neve, que em tese seria a protagonista. Apenas mais para o final, percebemos melhor quem ela é de fato dentro de Veneno, ainda assim, faltou um pouco. O que ela pareceu ser no que vi, me deixou muito feliz. Ela é a quebra do cliché da princesa pura e inocente, recatada aos preceitos de uma sociedade machista. Ela simplesmente é. haha... Adorei! E se o foco não ficou tanto na Branca de Neve, foi para a sua Madrasta: Lilith. E sim, apesar da premissa do livro ser "Repense seus vilões", a madrasta se comporta como uma madrasta má. O remake está ali, com seus pontos mais clássicos. É como se fosse a mesma história, realmente, só que com outra versão, como se o que conhecêssemos antes tivesse sido contado errado para nós. Distorcido. E a realidade seria o que acontece em Veneno. O diferencial é justamente esse: o que há por trás do clássico. Os porquês, as linhas que traçam a história, os passados... A madrasta age como uma rainha má sim, mas e se eu te contasse que ela sabe que é infeliz? E se eu te contasse que ela tem inveja sim de Branca de Neve, mas não só por ter, superficialmente, mas por causa de uma série de fatores, como uma infância ruim, como a má criação que recebeu que a levou para valores deturpados da vida, além de aspectos de magia que lhe dão a ilusão de controlar algo no mundo e na vida alheia? E claro, não podemos esquecer do casamento infeliz com o pai de Branca, que também não é o bondoso rei morto, mas um rei (cuja personalidade também não se aprofunda) vivo. 

“- Bem, talvez a infelicidade torne as pessoas más.”

    O fato de Sarah não se aprofundar tanto agora na construção dos personagens tem seu lado bom e seu lado ruim. O lado bom é que a leitura flui rápido, ela não enrola tanto com coisas desnecessárias. Ela até se aprofunda mais nos acontecimentos iniciais pelo lado de Lilith, o que é legal para entender melhor a personagem, mas acredito que ela também poderia ter explorado mais o lado de Branca de Neve e mostrado seu lado selvagem, de princesa não-cliché, de que tanto gostei. Outro fator bom do aprofundamento é que ela não exagerou na madrasta. Ela não é uma vilã má artifial, má o tempo todo, sem remorsos, sem sentimentos e só risos malvados e planos arquitetados para acabar com Branca de Neve. Ela é real. Foi maltratada na infância pela avó, que a criou para ser uma mulher poderosa, tanto na magia quanto na vida. E eis que chegamos a outro ponto interessante: a avó da madrasta. Ela sim é a bruxa má, que você percebe como interligada a várias histórias dos contos de fadas. Assim como outros momentos remetem a personagens de outras histórias ao modo da Saga Encantadas, como Aladim, João e Maria e etc. O caçador também fica subentendido como um personagem que se interliga a mais de uma história, principalmente Cinderela, próximo remake da série. E eu preciso dizer que adorei o caçador e fiquei muito feliz de saber que ele aparecerá nos outros livros, pelo que ouvi dizer. Tenho lá minhas torcidas pelo homem que acredita na vida. Voltando ao assunto anterior, o lado ruim da autora não se aprofundar tanto no desenvolvimento dos personagens é que falta algo, ao mesmo tempo em que ela dá um passo, parece que volta um. Nós recebemos os acontecimentos, e seria muito legal se os recebêssemos com mais profundidade, no mesmo estilo dinâmico que ela já coloca.

"Nenhuma criatura é mais valiosa que outra. - Ele fez uma pausa, com a lembrança do cervo ainda fresca. - E nenhuma morte deve ser desperdiçada."

    Veneno é o primeiro livro que leio que possui tal temática, e me agradou bastante. Acredito que poderia ser ainda melhor se a autora tivesse explorado mais algumas coisas. Entretanto, ela foi brilhante ao explorar outras. Principalmente a parte do "Repense seus vilões". E nossa! Que final foi aquele? Que final?! Eu juro que acabei me perguntando se faltava um pedaço do livro! Fiquei chocada! Ainda mais ao ver o primeiro capítulo de Feitiço, que não respondeu o que ficou em aberto no final de Veneno. Simplesmente de tirar o fôlego! A quebra total dos preceitos infantis, e como já foi dito por aí: a prova de que contos de fadas são para adultos. Por favor, não destruam sonhos infantis. Eu terminei este livro chocada até alguns momentos depois, e cheia de perguntas e torcidas para os próximos volumes. Vou ficar chateada se a autora não respondê-las. Portanto, Veneno é um remake que faz a história de Branca de Neve ficar numa dimensão mais humana, porém dentro da fantasia da magia, mas que também nos encanta com suas surpresas e a lembrança de o que o ser humano é capaz. Tudo com uma pegada sexy (é... o livro tem até cenas hot), tensa, com emoções humanas e uma trama cheia de mistérios. O que só me deixou mais empolgada para descobrir o que acontecerá em sua sequência: Feitiço. Só perde uma estrela pelo fato de poder ter sido mais trabalhado na construção e ampliação, mas no quesito ideia, ganha meu gabarito. 

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