14 julho 2015

Resenha: Dias Infinitos


Livro cedido em parceria com a editora


Autora: Rebecca Maizel

Editora: Galera Record
Assunto/ Categoria: Fantasia, Vampiros, Romance, Colegial.
Páginas: 384
Sinopse: Cansada de passar seus infinitos dias perseguindo e matando vítimas inocentes, Lenah Beaudonte, uma poderosa vampira da era vitoriana, decide abandonar seu coven de comparsas decadentes e transformar-se em humana. Mas o ritual capaz de transformá-la é extremamente perigoso. É necessário que um vampiro se sacrifique por ela, e não só isso; Lenah precisará passar 100 anos hibernando.
Felizmente, Rhode, o grande amor da vida dela, resolve se sacrificar para realizar esse sonho. E a transformação é bem-sucedida. Após 592 anos, Lenah acorda em um corpo humano, na prestigiosa escola particular Wickham, em Massachusetts. Ela está completamente sozinha em outro século e precisa aprender a viver no mundo moderno, como uma adolescente comum. E justamente quando Lenah parece ter se adaptado à nova vida, feito novos amigos e até arrumado um namorado, o passado volta para assombrá-la. Seus ex-companheiros vampiros embarcam em uma caçada mortal para encontrá-la e capturá-la. Agora não só Lenah, mas todos que ama correm perigo. Será que ela conseguirá escapar e salvar os amigos sem revelar seu maior segredo?



"Maldito seja aquele que pensa o mal"


Dias Infinitos foi uma leitura que me surpreendeu. Pela sinopse, capa, identidade visual e impacto, parecia ser um livro jovial, leve, sem muitas expectativas de vampiros de séculos de idade agindo como tal. Mas a surpresa é: a autora não nos engana, realmente escreve personagens vampiros coerentes com a proposta. Confesso que, como sempre, evitei dar muita atenção ao que a sinopse diz. Sempre leio e me esforço pra esquecer o que acontece. No caso de Dias Infinitos, recomendo que se você começou a pesquisar pela história por resenhas, realmente nem leia a sinopse, porque ela conta um pouco demais. E o que ela não diz, direi a seguir, sem realmente dar spoiler, claro!


Lenah Beaudonte é uma vampira neste universo criado por Rebecca Maizel, e isso não é tão legal quanto parece, a menos que você seja um pouco psicopata. Neste mundo os vampiros, após transformados, perdem sua humanidade, sua personalidade deriva de sua natureza, e por isso passam a ser imediatamente maus. Não só possuem sede por sangue, mas um sofrimento constante que os aflige, sem nenhum sentimento bom, como felicidade, ou prazer. Até alguns sentidos são reprimidos. Só conseguem sentir alívio quando dão vazão à sua natureza, que é se alimentar e causar sofrimento a outros. Quando um humano sofre, é como se fosse um bálsamo para eles, que veem seu próprio sofrimento um pouco "menor", "compartilhado". É aquilo um pouco daquilo de "sou infeliz e ninguém pode ser feliz". No decorrer da história temos flashs do passado de Lenah e entendemos como tudo isso acontece e as coisas ruins que ela já fez. Aí a história sai totalmente do clima "estou numa escola de Ensino Médio particular..." (que é beeeem marcado por aquele cliché típico de série americana que a gente já conhece) e entra bem no clima de histórias de vampiros realmente maus, como na origem da "mitologia".



Nessas voltas ao passado também entendemos que Lenah foi transformada muito jovem e entendemos por que ela toma a decisão que dá o enredo da história: deixar de ser vampira. Fazer tal coisa é muito difícil, e ela só consegue por causa de Rhode, o vampiro que a transformou e que é o que ela tem de mais próximo de "amor da vida", se como vampira pudesse amar como ser humana. O sentimento é recíproco e Rhode sabe que precisa se sacrificar pra transformá-la em humana. Acontece. E o início do livro é um tanto emocionante por isso, porque vemos uma espécie de metáfora na qual o amor é o que nos salva do sofrimento, da maldição, do que é ruim. É o amor de Rhode que desperta Lenah para a vida. A vampira ainda havia criado um covem de vampiros que acham que ela apenas hiberna durante o tempo de transformação, mas que ao saber da mudança a procuraria novamente, o que seria ameaçador, já que a "criadora" deles, estaria como humana. Por isso Rhode a esconde numa escola particular onde Lenah passa a morar, e lá ela precisa agir como adolescente novamente.

Essa linha é difícil de se manter para um autor, porque Lenah não é uma adolescente, tem 592 anos, por isso seus pensamentos precisam ser coerentes com a situação. A sensação que tive foi de que a autora soube levar isso muito bem, entretanto. É até bem engraçado ver ela pensar que como vampira no que faria com as garotas fúteis que riem dela por ser "esquisita".  Assim como seu instinto e percepção das veias das pessoas e o prazer de sentir gosto de comida novamente. Essa transição é escrita com um cuidado especial que dá credibilidade à leitura. O porém fica por conta do estilo de personagens na escola, com quem ela convive. O mais legal deles não ganha a atenção que merece de Lenah. E o garoto por quem ela se apaixona não é um personagem de personalidade bem desenvolvida, é muito mais o "sou bonito e tenho sentimentos básicos, e só". Traduzindo: estereótipo atrás de estereótipo americano. Mas enquanto lia procurei não ficar incomodada com isso e tentei ver as coisas mais como a vida da Lenah humana. Deu certo. No final, consegui tirar uma mensagem da história, uma mensagem de que gostei.



O final pode não agradar alguns, porque não segue o padrão cliché que se espera de um livro com tal "divulgação" através de sinopse e capa. Inova (e desconfio que a aparência dele seja assim para não entregar isso). Mas acredito que esse detalhe seja aquele que nos faz elogiar em conversas, resenhas, críticas e toda vez que fechamos os olhos para nos lembrar dele. A história de Lenah ensina que o amor é que faz com que possamos viver e não apenas sobreviver. Que sem amor apenas vagamos sem sentir a vida. É o amor que nos torna humanos e nos desperta. E que quando se vive com amor, é possível aprender a aceitar o que parece amargo na vida como algo doce, que faz parte. Se ganha sabedoria para escolher. E se aprende a viver. O amor é o que nos torna especiais. E a história de Lenah é uma metáfora vampiresca supergostosa para se dizer isso. Super recomendo!

5 Estrelas

2 comentários:

  1. Não ligo que não siga o padrão a que se está acostumado, contanto que tenha coerência. Vou querer ler.
    Bjs, Rose.

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  2. Já vi outras resenhas negativas desse livro e o legal é que você procura ver o ponto positivo. Eu não li ainda, porém não achei interessante essa reviravolta na história, talvez porque já estou cansada de TVD que a galera vira e desvira vampiro kkkk mas enfim, um dia lerei para ter minha própria opinião dessa história, porque amo vampiros.
    Beijos
    www.leticiaiarossi.blogspot.com.br

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