19 agosto 2013

Resenha: Presságio - O assassinato da freira nua




Autor: Leonardo Barros

Editora: Novo Século  - Selo Novos Talentos da Literatura Brasileira
Assunto: Suspense
Páginas: 220 
Sinopse:Alice tem 26 anos e, desde a adolescência, é atormentada por presságios. Desacreditada por psiquiatras, ela é considerada psicótica, até que uma de suas visões a possibilita desvendar um misterioso homicídio. A polícia atribui a autoria do crime ao Beato Judas, um assassino serial de freiras, mas a descrição do suspeito não se parece em nada com o homem que ela viu em sua premonição. Agora, Alice terá de correr contra o tempo para provar que não é louca e para evitar que o assassino faça uma nova vítima. Suspense, misticismo e sensualidade se misturam neste fantástico thriller policial que parece ter a capacidade sobrenatural de manter seus leitores alucinados da primeira à última página. 






Quem, afinal, matou a freira nua?








  Alice passou a vida ouvindo de psiquiatras que não tinha presságios, mas sim alucinações. Em outras palavras, tendo que convencer a si mesma de que não era louca. E num dia, em uma festa à fantasia, ela vê, através de uma visão, o assassinato de uma pessoa, consegue ver o assassino vestido de diabo, matando a freira nua. Pouco depois, a polícia começa a investigação e um provável suspeito aparece. Porém, há um problema: o principal suspeito não se parece nada com o homem que Alice viu. Nossa protagonista tenta dizer isso, evitar que alguém pague pelo que não fez. Entretanto, ninguém a ouve, ninguém acredita nela. Então como fazer com que não haja outros assassinatos e evitar injustiças? E o mais difícil: como descobrir quem é o verdadeiro assassino? Entre a realidade da humanidade, sem romantizar a realidade, com perigos reais, boa narrativa e uma pitada de luxúria, Presságio nos prende em suas páginas na busca de Alice. 

"Só é louco quem fala demais! Porque, se você não fala nada, as pessoas não adivinham o que está dentro da sua cabeça!"


  Antes da festa em que Alice tem o presságio, nos deparamos com a investigação do assassinato de uma freira do Colégio São Judas. Encontramos os investigadores que estarão presentes em mais momentos importantes para o enredo. A investigação soa real, a personalidade dos personagens é bem bolada. Não são personagens idealizados, romantizados. E assim também encontraremos os outros personagens ao longo dessa história. Sabe aquilo de personagem perfeito? Neste livro você não vai encontrar. Os personagens têm sua dose de imperfeições, e isso os traz para mais perto da realidade. Dá verossimilhança. Ficamos tão mais próximos da nossa realidade, que os perigos ficam mais reais. E isso não pode deixar de ser um ponto positivo. Algo que fica claro, em decorrência disso, é como muitas vezes as pessoas se deixam levar por sentimentos ruins ou então não fazem esforços para melhorar, se iludem, pensando que vivem seu melhor, quando na verdade se prendem a ideias que não trazem uma felicidade real. Há uma cena, logo de início, em que uma aluna da freira morta do Colégio São Judas é interrogada. O que vemos é o retrato da maioria dos alunos atualmente, não aquele padrão que muitas vezes se repete nos livros, americanizado. A aluna é daquele tipo que não gosta de passar seu tempo na escola, segue aqueles discursos que vemos por aí (infelizmente), na maioria dos alunos. Se pararmos para pensar, há realmente na mente desses alunos e de muitos que já não são alunos, uma ideologia que vem dizer que estudar não é bom, o bom é ser "o esperto", "aprontar", "relaxar"... E a descrição que Leonardo Barros faz da aluna, retrata com perfeição o perfil que geralmente segue a tal ideologia e pensa assim, você quase diz: "conheço ela", de tão real que é. E é assim que o livro segue muitas vezes. A maioria dos personagens faz coisas que não são "certinhas", aprontam um bocado, e isso pode ser bom, às vezes e em outras vezes pode ser muito ruim. Depende da situação para a qual olhamos e do nosso ponto de vista. De qualquer forma, o que vemos são inúmeras imperfeições para construir variados perfis, e em todos eles, nós chegamos a pensar se nunca conhecemos alguém que agisse daquele modo. Que dissesse aquelas coisas. 

  Seguindo adiante na história e exemplificando isso melhor, vamos para o contexto da festa. Tentarei não dar spoilers, nem contar demais, apesar do que o que eu vou falar não ter peças importantes para o mistério. Alice está lá, com sua amiga e o namorado da amiga. Quando de repente, eis que chega uma certa figura, chamada Vívian (obs: nossas personalidades não batem, não sou parecida com a personagem - é só o nome mesmo, e logo saberão o motivo). A personagem que chega as conhece, e chega de certa forma já atraindo inúmeras atenções. Só que não no contexto "mulher poderosa que não precisa apelar", mas sim no "estou quase nua! olhem para mim!". Alice a conhece, e o que sai no momento para nós é que ela pensa com a amiga, que a tal Vívian "roubou um ex-namorado dela". Desculpa, tive que falar sobre isso. Como assim roubou? Ele era um objeto a ser manuseado? Um pobre indefeso que não pode se defender? Que não tem armas contra investidas de outra mulher? Esse é um discurso bem real, vemos bastante disso por aí, mas é o tipo de coisa que me dá dor nos ouvidos de escutar. Alô meninas, os homens não são roubados, eles vão porque querem. Muitas vezes os comprometidos são eles, eles devem zelar pelo que começaram, e não se jogar em qualquer uma que apareça. Vamos pensar, por favor. Sinta primeiro pena do cara que teve coragem de te trocar por qualquer uma, e da outra que aceitou fazer parte disso, sinta mais pena ainda. Mas se for ter raiva, por favor, tenha mais dele que escolheu te trair, ok? Esse é um ótimo exemplo para o que eu disse, de pensar que conhecemos gente assim, como no livro. Os personagens se assemelham à realidade, dizem coisas próximas à realidade. E fica exposto para nós muitos modos de agir comuns. Vale pensar ao ler, se tais ideologias que as pessoas usam na realidade não são errôneas, se não há um quê de algo com que possamos discordar. Como eu disse, Presságio não é romantizado, traz as coisas como são, na maioria das vezes. Que tal abrir os olhos para além do suspense e analisar nossa realidade que é tão bem retratada nesta obra?

  E assim começamos nossa história, vamos sendo apresentados aos poucos aos personagens, e há também aqueles que chegam depois. Que são apresentados no momento preciso para tal acontecimento da trama. Tudo já começa com os assassinatos das freiras, a de verdade e a fantasiada da festa (ao ler verão quem é). A investigação que vemos é muito bem retratada, há termos técnicos bem empregados. Acompanhamos a perícia, as fotos do local, as especulações, as investigações, bem nesse clima investigativo bem elaborado. Algo que é muito bom é a forma com que o autor narra esses momentos investigativos, muito mais no que diz respeito à perícia, avaliações, medicamentos e etc. Termos técnicos são empregados (penso que isso se deve ao fato do autor ser formado em medicina), quase sentimos que somos parte da equipe e que podemos investigar junto deles, bem lá na cena . E também ficamos intrigados com o fato de que há coisas da investigação que não batem com as visões da Alice. Somos convidados a desvendar o mistério que se abre à nossa frente, a tentar solucionar o caso antes de receber as provas, a torcer para os perigos se manterem distantes e a torcer para Alice escapar ilesa das situações de alta tensão. 
  
  A narrativa é boa, nos mantém ligados na história, curiosos, presos aos acontecimentos. O livro possui lá suas cenas de luxúria, com uma dose hot e sem muito romantismo, então sim, contém conteúdo "adulto" (depende da sua mentalidade ler ou não, há muito tempo a faixa etária maior de 18 não é levada em conta de fato). Há também um quê de materialismo e um outro quê que quase zomba do materialismo, de só acreditar no que só pode ser provado cientificamente. Vemos partes dependentes de provas e sensações materiais, e outras envolvidas no que não é material, super desligadas do que pode ser provado e fundamentais para a história. Também encontramos um modo diferenciado de narrar, que não diz em uma palavra como o personagem se sente, mas descreve as reações do corpo dele a tais situações, que nos permitem compreender o que ele sente. O real se mistura ao inusitado, ao mistério, à ameaça. Só teve uma coisa no livro que eu acredito que poderia ter sido melhor: a "segurada do mistério". Em certa altura, para mim, antes de ser revelado de fato no livro, já fica claro quem fez o que. E muito antes, uma coisa também é revelada, e fica a dúvida de "será que é isso mesmo? quem será que fez tal coisa?". Mas mesmo assim, para mim, poderia ter sido de alguma forma, mais surpreendente. Não que não seja, mas fiquei com a impressão de que poderia ter sido mais, sabe? Talvez uma dose a mais de reviravoltas, mais uma dose de surpresas, quem sabe. Ainda assim, Presságio é uma leitura mais que recomendada. É um suspense que vai te arrebatar e te dar aqueles ares de "ahhh... preciso ler, preciso investigar junto deles... mas o que será que vai acontecer?". E tudo isso, numa escrita muito boa e na ânsia de descobrir quem, afinal, matou a freira nua.















   Agradeço ao autor pela confiança da parceria, e deixo meus desejos de muito sucesso. Já adianto que estou super ansiosa pelo próximo livro, que será um suspense sobrenatural (sim, já dá o ar de "preciso ler") e que em breve teremos a entrevista com o autor aqui no blog. Espero que tenham gostado da resenha e que mergulhem de cabeça com Alice para desvendar esse mistério.





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