25 maio 2014

Entrevista com Mari Scotti







       Olá! Hoje a entrevistada é a querida Mari Scotti, que eu tive o grande prazer de conhecer pessoalmente no evento do Trilhando Páginas no RJ. Espero que você se encante em conhecer mais um pouco sobre a autora de livros como Híbrida e Insônia, assim como eu. Confira!




Paulistana. Nascida em 22 de fevereiro de 1980. Formada em Recursos Humanos pela faculdade das Américas. Aprendeu a amar a literatura desde os dez anos de idade. Apoia sem reservas a Literatura Nacional. Já gravou CD, compôs e hoje dedica a maior parte do seu tempo aos personagens.



Reflexão Literária - Qual a rotina que você segue para escrever? Você tem horários determinados ou simplesmente senta em e escreve? Quais seus rituais de escrita?


Mari -  Eu acho que eu sou uma das escritoras mais estranhas nesse quesito, porque eu escrevo bem e bastante quando estou no trabalho. Não sei o que será da minha criatividade se um dia eu tiver de sair deste emprego! Haha. Chego ao serviço por volta das 07:30h e minha primeira ação é espetar o pendrive no computador. Depois pego um copo de café preto (pois não consigo comer logo cedo) e começo a reler a última cena escrita. Vou até as 08h relendo ou escrevendo e então passo o dia em uma constante: escrever – atender telefone – escrever – responder e-mail de clientes – escrever – dar atenção ao meu chefe – escrever – fuçar e responder e-mails pessoais – escrever... e escrever um pouco mais. 
Quando chego em casa é que meu tormento começa, porque tem coisas demais para me distrair, a maior delas são as redes sociais. “Perco” um tempo considerável nelas e quando percebo, preciso dormir. Então produzo bem mesmo, só no trabalho ou de sexta para sábado quando passo as madrugadas acordada.
Em casa, quando quero muito escrever, uso dois rituais:
- Primeiro: Espero meus pais irem dormir para colocar uma música no notebook e me concentrar na escrita, porque eles têm o dom de falar comigo quando começo a escrever. Diferente do serviço onde o povo fala e eu dou atenção, mas não me desconcentro da história, em casa conversar me atrapalha bastante. Prefiro então dar atenção a eles e depois escrever. 
- Segundo: Se nem a música ajuda, converso com alguma das minhas betas, porque a inspiração volta rapidinho quando falo da história. A Faby RG, a Thaís Snap, a Ana Carolina e a Carol Mraz são as mais “usadas” nestes momentos. Rsrsrs. Obrigada meninas! 




RF - Por que falar sobre nefilins em Insônia? De onde veio a ideia de usar esses seres?


Mari - Anjos são as criaturas místicas com que mais tenho afinidade e conhecimento, pois sou evangélica e estudamos um pouco deles na bíblia. São também as que mais se assemelham aos humanos e mais críveis na minha concepção. Porque por mais que seja uma história fictícia, por mais que saibamos que nefilins não existem mais, um dia existiram e anjos existem, então torna a história mais real para o leitor. E eu gosto disso.
Insônia era para ser um romance com vampiros, porém na época em que escrevi, achei que ficaria melhor se eles fossem algo que o leitor não esperava. A ideia inicial não era contar que era um livro com anjos, mas depois de ler a série Imortais e me decepcionar por não serem vampiros, achei melhor não fazer igual... rs. 
Falo sobre nefilins, pois na maioria das histórias eles são pessoas ruins. Gigantes assustadores. Criaturas perversas e sem coração. Eu tenho uma ideia diferente de nefilins. Sendo filhos de humanas com anjos, eles possuem também o livre arbítrio e com isso a decisão de ser bom ou ruim. É disso que a série retrata: escolhas.




RF -   E em Híbrida? De onde surgiu totalmente a ideia? AI MEU DEUS! Vi algumas resenhas e achei a ideia muito boa. E apesar de você ter dito que havia surgido como fanfic de Crepúsculo, não notei tantas semelhanças assim na premissa que vi (além de lobos e lobisomens).


Mari - Menina, eu sou apaixonada pela série Crepúsculo, mas não sou do tipo de fã cego, eu sei onde a escritora falhou na trama e este foi um dos estopins para a minha história nascer. Depois que li Amanhecer, fiquei furiosa com o nascimento da Reneesme, principalmente porque os vampiros da Steph são de mármore, não choram, não vão ao banheiro, não possuem líquidos em seus corpos, mas poxa, ele tinha um liquido especial: podia gerar uma criança! Ohh! A Nessie foi a minha maior decepção na série. Pra mim ela foi só um consolo para o Jacob, nada mais. Deixasse o coitado com a Leah, ela é linda e adulta! 
Raivas à parte... Quando terminei a leitura fiquei com a ideia fixa: o que uma meio vampira fará morando entre lobisomens depois que casar com o Jake?
Dessa ideia surgiu a Ellene e toda a trama da série, porque precisava responder perguntas do tipo: como ela não sabe o que é? Como ela foi parar em uma vila de lobisomens e como eles aceitaram isso? Quem são seus pais? Qual o seu passado? A trama se estendeu tão imensa, que não podia deixar de contar. O primeiro livro é só uma apresentação, mas nos demais poderá sentir um pouquinho da conspiração que há por trás da existência da híbrida... rs. 




RF  -   Qual é a melhor coisa de poder escrever? Sentar e colocar tudo para fora?

Mari -  O que mais me satisfaz em escrever é o desenrolar da história quando começo a redigir. Existem situações que não prevejo e me emociono com o personagem, sonho com eles, penso neles, imagino inúmeros desfechos... é uma delicia! 




RF -   Com que frequência você consegue ler enquanto está trabalhando no seu próprio livro? Os livros que lê te dão inspiração e ajudam a melhorar a escrita?

Mari - Dificilmente consigo ler quando estou produtiva na escrita. Nenhuma história me prende. É estranho, porque eu vivo de ressaca, pois raramente deixo de escrever. Quando estou em uma época boa para leitura, geralmente estou empacada em alguma história, e sempre o que leio me ajuda, porque eu deixo de pensar um pouco na continuidade do que estou escrevendo e isso ajuda o cérebro a relaxar e pensar em uma saída, então desempaco. Rsrsrs. 
Ler é uma excelente forma de melhorar nossa redação, pois traz conhecimento, palavras novas, novas formas de descrever situações, é o que faz o escritor.




RF -  Você acredita em que teoria? A escrita é em maior parte inspiração ou trabalho? Ou um equilíbrio de ambos?

Mari - Acredito que ambos. Porque sem inspiração você não tem uma boa historia para contar. Pode até escrever uma, mas o leitor não terminará a leitura satisfeito. Mas também é trabalho. A partir do momento que uma ideia surge, o trabalho é consequência. Sem dedicação, sem releitura, sem pesquisa, sem noites acordadas, sem perder festas com os amigos, etc, a história não acontece. A inspiração não sobrevive sozinha e nem o trabalho. É um trabalho em conjunto. 




RF -De qual personagem você mais gosta? Por quê?

Mari - Que pergunta malvada essa! Ain... Bom, sou de momentos. Quando iniciei Híbrida, meu personagem favorito era o Milosh. Em Insônia, o Arthur. Depois que as tramas se desenrolaram nos livros seguintes, mudou um pouquinho. Tenho um preferido em cada livro, mas vou responder das séries:
- Na série Neblina e Escuridão: Tomás. Principalmente depois do livro 3. Eu queria que todos lessem o livro 3! O Tom, apesar da idade, é tempestuoso e age de acordo com o momento, só depois se arrepende e essa característica dele gera cenas surpreendentes. Eu amo escrever quando ele está na cena ou narrando. Na sequencia de Híbrida vocês conhecerão um pouco mais do passado dele e talvez entendam essa minha paixão. 
- Na série Nefilins: Arthur. As Team Pietro que me perdoem. O Pietro é sensual, é atirado, mas é o Arthur que me fascina. Se o leitor prestar atenção, conseguirá ver por trás da carranca ou das atitudes contrárias dele. Ele abre mão de tudo, até do próprio coração, por um bem maior.




RF -  Quais as suas maiores inspirações?

Mari - As pessoas e suas emoções. O dia a dia. As famílias e a rotina. Mas em livros, tenho alguns escritores que me inspiram e que admiro muito: Cassandra Clare, Richelle Mead, Veronica Roth (exceto o Convergente, rs); Denise Flaibam e Keila Gon.




RF - Quais seus projetos futuros?


Mari - Tenho tantos projetos menina! Minhas respostas são gigantes... lá vai mais uma gigante! Haha. 
Além de finalizar as séries, tenho livros únicos que estou desenvolvendo. Não posso contar muitos detalhes, mas vou resumir os dois principais:
- Distopia – Ela acontece no tempo presente e não possui nenhum elemento sobrenatural.
- Comédia Romântica – Também não tem nada de sobrenatural, mas é um romance que estou amando escrever. No momento é meu livro preferido.
Tenho a ideia de publicar a série Híbrida na versão Teen também, porque tenho leitores em uma escola em Espinosa – MG, que são menores de quinze anos e me preocupo muito com o conteúdo adulto na sequência da série. É algo que estou estudando e que pretendo colocar em pratica se for viável. Quero muito que os alunos continuem a ler e não sejam prejudicados por ser uma série YA.



RF - Conte um pouco mais sobre Insônia aos leitores do Reflexão Literária.

Mari - Em Insônia conhecerão a Suzanna, uma garota órfã que vive com os avós paternos depois que perdeu os pais em um acidente de carro em que foi salva por um rapaz misterioso de olhos acinzentados, mas que somente ela viu. Um triângulo amoroso incomum e que vai deixá-los confusos sobre quem é bom e quem é realmente mal nesta trama. 




RF - E o que podemos falar sobre Híbrida?

Mari - Em Híbrida os leitores podem esperar descobrir parte do mistério que ronda a vida da Ellene e da sua não transformação em lobisomem. Também conhecer um vampiro deprimido que não vai sossegar enquanto não encontrar sua esposa desaparecida. E com certeza torcer, para que Ellene e Milosh se encontrem e descubram o que há por trás de seus pesadelos.




RF - Sempre faço esta pergunta nas entrevistas. Como você vê o mundo?

Mari - Eu prefiro enxergar como um celeiro de oportunidades. Uma vez ouvi uma história e eu a levo para a minha vida sempre que começo a esmorecer:
Havia uma empresa de calçados que queria abrir uma filial na África e enviou um de seus melhores vendedores para lá, a fim de verificar se seria viável. Esse vendedor retornou com péssimas impressões, dizendo que as pessoas não usavam sapatos e não tinham o hábito de comprar e não comprariam.
A empresa insistiu na ideia e enviou um segundo vendedor, menos experiente, mas que se prontificou a dar o seu melhor. No primeiro dia na África ele ligou para a Central da empresa desesperado, pedindo mais pares de sapatos. Suas palavras: Ninguém tem sapato aqui! Todos precisam! Vamos vender como água!
Conclusão: A forma como enxergamos a vida e o mundo, é como retornará a nós. Se enxergarmos com fé, a vitória certamente é alcançada. Se enxergarmos com derrota, dificilmente alcançaremos o que almejamos.
É por isso que, apesar de todo o mal que vemos todos os dias nos jornais, tento sempre ver com bons olhos. É um exercício diário, porque eu sou bem reclamona! Kkk.




RF - Se pudesse lançar um livro que fosse lido por todas as nações, como uma mensagem a todos, o que gostaria de dizer com ele?

Mari - Sobre família. Já tento passar um pouco disso nas minhas obras. Acredito muito que dependendo de como a família trata seus membros, eles serão bons ou ruins no futuro. A família é a base de todo ser humano e muitas pessoas não sabem conviver entre seus familiares, menos ainda com quem é de fora. Eu gostaria de ver as pessoas agindo mais como família do que como seres individuais. 




RF- Qual a parte mais complicada dentro de todo o processo literário?

Mari - A auto divulgação. Antes de publicar eu acreditava que as editoras eram responsáveis em divulgar as obras que estão publicando, mas a realidade é completamente diferente. Apesar de haver a responsabilidade, a maioria das editoras só divulga o lançamento e depois a obra cai no esquecimento. Se o autor nacional não rala muito nas redes sociais, divulga exaustivamente, dá livros para blogueiros lerem, resenharem ou para promoções, ele não se ergue e passa despercebido entre os leitores. Acredito que não é uma tarefa que deveria ser feita pelo escritor, mas pelo marketing das editoras, principalmente a parte de doação de livros. Eu não dou livros porque não tenho condições financeiras para isto, mas se tivesse, tenho certeza que minhas histórias estariam muito mais conhecidas. 
Sendo editora, o alcance é muito maior, mesmo que apenas fale da obra nas redes sociais. Eu ainda sonho em ver isto acontecendo em todas as editoras que publicam nacionais, uma divulgação em igual proporção ao estrangeiro. Porque é cansativo e chato falar de si mesmo. Parece desespero: compre meu livro pelo amor de Deus! Haha. 



RF - O que já aconteceu para você na sua carreira como escritora que foi mais fácil? E o que foi mais difícil?

Mari - O mais fácil foi conseguir editora para o primeiro livro das séries. Insônia a APED que me achou. Na Novo Século o aceite foi rápido também, o que me deixou muito feliz.
O mais difícil neste momento é a continuidade. Essa espera para saber se a série será mantida na editora (no caso de Híbrida) ou se preciso tomar outro rumo é angustiante. Mas são problemas burocráticos, chatos e que o autor geralmente só se depara, depois de ter seu livro publicado. 
É uma dica que eu passo para quem está começando: Se pretende começar com série, procure editoras que abraçarão a ideia completa e não apenas o primeiro livro sem dar certeza da continuidade. Ou lance um livro solo. É muito mais fácil de trabalhar e divulgar.

Obrigada pela oportunidade Vivi, espero que tenha gostado das respostas curtinhas que eu dei. Sucesso à você com o blog e sua carreira como escritora! Amei te conhecer no Trilhando Páginas do RJ. Beijo, Mari Scotti



     Obrigada pela entrevista, Mari! Adorei suas respostas e me identifiquei com muitas delas!
  






Um comentário:

  1. Obrigada pela oportunidade Vivi! Eu ameiiii te conhecer também! Beijão, Mari Scotti

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